No próximo dia 12 de setembro, o drama da família Tocafundo completa vinte anos sem solução. Nessa data, em 1983, o então estudante Emerson Tocafundo, de 11 anos, foi prensado por um ônibus contra um muro no pátio do Colégio Nossa Senhora Medianeira, em Curitiba. Desde então, a vida do rapaz nunca mais foi a mesma, nem a de sua família. Emerson teve vários órgãos esmagados. Hoje ele é ostomizado, pois não possui intestino e urina por meio de sonda.
A família, além do sofrimento de ver o caçula dos cinco filhos numa situação muito complicada, enfrenta a questão jurídica, já que até hoje o colégio e a empresa Trans Izaak ? proprietária do ônibus causador do acidente ?, ainda não pagaram a indenização por danos físicos e morais.
O empresário Ronaldo Tocafundo, irmão de Emerson, contou que o rapaz já passou por setenta cirurgias desde 1983. “Hoje, aos 31 anos, ele tem uma vida com muitas restrições”, disse. Tocafundo afirmou que a empresa de transporte até tentou negociar um acordo, mas o colégio usa todas as armas possíveis para não pagar a indenização. “Vivemos em função do caçula. Tudo que aconteceu mexeu muito com a estrutura da família. Meu pai está muito doente, com depressão profunda por causa disso”, destacou, lembrando que desde o acidente a família teve que vender 36 imóveis para custear medicamentos e tratamentos.
A advogada da família, Caroline Said Dias, explicou que a disputa judicial começou forçada pelo colégio. Após o acidente, a instituição pagou os custos iniciais e depois entrou na Justiça com um pedido de isenção de responsabilidade. Em 92, a 3.ª Vara da Fazenda Publica de Curitiba julgou o caso e condenou o colégio. Decisão ratificada pelo Tribunal de Justiça (TJ). “Desde então o que se está definindo são os valores. Eles entraram com uma ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) questionando, mas isso não impede que sejam executados os valores definidos pelo TJ”, contou. A advogada destacou que o que está sendo recebido até o momento são os juros sobre um valor de R$ 300 mil, fruto de uma penhora feita pelo colégio. Em abril, maio e junho conseguimos R$ 2 mil mensais para custear alimentação e remédios”, revelou Caroline.
Disposição
O advogado do Colégio Nossa Senhora Medianeira, Elói Tambosi, afirmou que o colégio nunca se negou a pagar, apenas discute os valores. Mesmo assim demostra disposição em pagar a indenização, já que colocou valores penhorados para garantir isso. “Procuramos várias vezes a família para fazer um acordo. A última há quarenta dias”, afirmou.