Estudantes europeus de intercâmbio em Curitiba geralmente sentem-se muito bem-vindos, acham as pessoas simpáticas e acolhedoras, mas quando é para falar da maneira como funciona o sistema de ensino universitário, é comum que eles considerem as instituições brasileiras rígidas e com pouco espaço para a participação criativa dos alunos. O intercambista alemão Philipp Stumhufer, 24, diz que em seu país, assim como em outras universidades européias, os alunos são mais autodidatas. Além disso, não há listas de chamada. ?Lá é mais liberal. Eu estudo para mim, e não para o professor?, explica ele.
Philipp está há sete meses no Brasil, cursando Arquitetura na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e deve ficar no País até agosto. Quando chegou a Curitiba a imagem que tinha do Brasil era de que sempre teria sol e praia. Ele diz que não estava preparado para o frio, não falava português e teve de se adaptar à nova cultura das pessoas e da universidade. ?As pessoas daqui me ajudaram a entender a cultura brasileira?, afirma.
O estudante de arquitetura da Universidade dos Estudos de Ferrara e que também faz intercâmbio na PUCPR, o italiano Matteo Lunardi, 23, tem opiniões semelhantes. Ao chegar em Curitiba, estranhou a língua e o tamanho da cidade. Ele diz que as cidades italianas são em geral bem menores. Sobre a metodologia de ensino, considera que no Brasil há menos liberdade para o estudo. ?A maior parte das coisas que temos de fazer aqui é obrigatório?, afirma ele.
Outra estudante italiana, colega da mesma faculdade de Matteo, Anna Goldoni, 23, conta que também teve dificuldades para se acostumar com o tamanho da cidade, mas considera que isso contribui para o estudo prático de urbanismo. ?Pode-se aprender muito mais que em livros?. No que diz respeito à relações sociais, ela afirma que as pessoas são muito espontâneas e gentis.
Ensino e métodos
Para o diretor da Coordenadoria de Intercâmbio e Cooperação Internacional da PUCPR, José Antônio Fedalto, há uma grande diferença de procedimento cultural nos cursos do Brasil e da Europa. Ele considera que no Brasil continua-se tratando os alunos universitários como crianças. ?Aqui é mais cartorial?, afirma.
Fedalto ressalta, porém, que há a questão do amadurecimento. ?A gente observa que os alunos europeus são muito mais amadurecidos que os brasileiros, por uma questão familiar e educacional?. Para ele, falta que os alunos brasileiros assumam mais suas experiências escolares, com comprometimento e seriedade.
O diretor afirma que a própria carga horária traz um indicativo de diferença de procedimentos. ?Na Europa, as horas de estudo em sala de aula são muito menores e o trabalho individual é muito maior. No Brasil é o inverso?.
