A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou ontem a 10.ª edição da Pesquisa Rodoviária CNT, sobre as condições das rodovias brasileiras. Durante 32 dias, 15 equipes de pesquisadores da entidade avaliaram a conservação do pavimento, da sinalização e da geometria de 81.944 quilômetros de rodovias federais, estaduais e sob concessão em todo País, 7.263 quilômetros a mais do que em 2004. E a constatação foi alarmante: 72% (cerca de 59 mil quilômetros) apresentaram algum grau de imperfeição. Mas o estudo aponta uma modesta melhora em relação a 2004, quando 74,7% das rodovias apresentavam deficiências.
No Paraná, a pesquisa analisou 5.395 quilômetros e concluiu que 92,81% (5.007 quilômetros) tem alguma falha. Porém, no estado geral, nenhuma estrada paranaense recebeu avaliação péssima: dos 43 trechos analisados, 20 foram considerados deficientes, 12 bons e 9 ruins, uma melhora em comparação a 2004, quando dos 34 trechos analisados, 13 foram avaliados deficientes, 11 ruins, 9 bons e um péssimo. E a pesquisa também colocou os trechos concessionados no Estado como alguns dos melhores do País. Mesmo assim, o diretor da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR/PR), João Chiminazzo, acha que os trechos tiveram falhas na avaliação e que poderiam ter se saído melhor.
A quilometragem com pior avaliação no Estado foi justamente aquela que está no imbróglio entre União e Estado sobre a sua manutenção. Na BR-476, por exemplo, o pavimento e a sinalização foram considerados deficientes, e a geometria ruim. O Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná não respondeu o pedido da reportagem para comentar a pesquisa e o Ministério dos Transportes disse que vai analisar o documento antes de dar sua posição.
Para o presidente da CNT, Clésio Andrade, a pesquisa aponta um ?panorama lamentável.? ?A situação da malha rodoviária, que continua em estado crítico, ao invés de ser um fator favorável ao desenvolvimento, prossegue como um sério entrave ao progresso?, disse. Andrade acrescenta que as precárias condições das rodovias aumentam o custo do transporte, encarecem produtos e elevam os riscos de acidentes. Além disso, ele alerta as autoridades para agilizarem um programa emergencial de recuperação da malha viária. ?Só assim o País sairá do apagão logístico em que se encontra.?
O relatório aponta que para a restauração das condições adequadas de operação da malha rodoviária, devido a sua condição comprometida, exige-se investimentos significativos, e ressalta que os recursos existem, mas que não são aplicados por sucessivas restrições orçamentárias e pela falta de sensibilidade dos gestores públicos para o problema da infra-estrutura do transporte. ?Sem isso, dar-se-á a continuidade da perda de competitividade brasileira frente aos outros países, o que acaba por gerar empecilhos consideráveis?, afirma o documento.