As cerca de trezentas pessoas que ocupam a Estrada do Colono, que corta o Parque Nacional do Iguaçu, desde o último sábado devem sair da área até o meio-dia de hoje. Elas aceitaram desocupar o local pacificamente, após negociação com a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF).
Ontem mesmo a PF já havia iniciado a retirada dos agricultores, políticos e moradores da região que lutavam pela reabertura da estrada, que liga as regiões Oeste e Sudoeste. Depois da desocupação, a PF e técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) devem fazer uma vistoria para conferir os danos ambientais e ao posto de fiscalização.
Os procuradores da República no Paraná, Patrícia Maria Castro Nuñez e Vladimir Barros Aras instauraram inquérito civil para apurar um possível caso de improbidade administrativa na Estrada do Colono. A intenção é verificar a possibilidade da Associação de Integração Comunitária Pró-Estrada do Colono (Aipopec) estar sendo usada para fins ilícitos, com o incitamento a invasões do Parque Nacional do Iguaçu e a desobediência a ordens judiciais.
Por enquanto, o inquérito resume-se à reunião de provas, como fotografias, por exemplo. “Mas a prioridade do Ministério Público Federal é a desocupação pacífica da área”, comentou a procuradora Patrícia. Além do inquérito civil, os procuradores acompanham o andamento do inquérito policial em curso na PF.
Desenvolvimento
Moradores dos municípios vizinhos, os invasores alegam que a Estrada do Colono, fechada por ordem Judicial, é importante para o desenvolvimento econômico da região por encurtar as distâncias. O caso vem desde 1986, quando havia intenção de asfaltá-la. Foi fechada pela última vez em 13 de junho de 2001, quando o Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.ª Região, em Porto Alegre, acatou o argumento do Ibama de que ela oferecia riscos à preservação do parque.
Após a invasão de sábado, a juíza titular da 1.ª Vara Federal de Foz do Iguaçu, Sílvia Regina Salau Prollo, determinou a reintegração de posse da área.
Mudas de árvores foram plantadas e muitas sementes espalhadas pelos 17,6 quilômetros da estrada. Na invasão do fim de semana os agricultores cortaram a vegetação que se formava. “Não é por acaso que a população se revolta”, disse o prefeito de Medianeira, Luiz Suzuke (PT), um dos líderes dos movimentos pró-abertura da estrada. “O prejuízo é grande.”
Segundo o prefeito, os agricultores não têm interesse em destruir o ambiente. “O que queremos é a abertura da estrada, mas com restrições para preservação ambiental”, afirmou.
Suzuke pediu a abertura de um canal de negociação para encontrar uma saída que seja satisfatória para os dois lados. “Havendo critérios, não há porque deixar a estrada fechada”, argumentou.
As pessoas que ocuparam o parque do lado oeste resistiram mais a aceitar uma saída pacífica. A decisão só foi tomada depois que o grupo do sudoeste anunciou que estava se desmobilizando.