Foto: Lucimar do Carmo/O Estado

Os manifestantes, que fecharam a estrada na manhã de ontem, preferem a chamada manual.

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Cerca de 300 estivadores que trabalham no Porto de Paranaguá fecharam ontem pela manhã a BR-277 durante três horas, para protestar contra a instalação do sistema de chamada eletrônica, mecanismo de sorteio das funções que começou a operar na segunda-feira em substituição à chamada manual. Segundo dirigentes do Sindicato dos Estivadores de Paranaguá, o sorteio automático não dá conta de posicionar adequadamente os trabalhadores de acordo com suas aptidões no exercício das funções atribuídas ao trabalho da estiva nos navios.

À tarde, depois que os protestos terminaram, representantes do sindicato dos trabalhadores e de diversos segmentos ligados ao porto, além do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), que responde pela escala dos portuários, se reuniram na Justiça do Trabalho de Paranaguá para deliberar sobre o assunto. O juiz da 2.ª Vara do Trabalho, Carlos Kaminski, decidiu que durante os próximos 15 dias ambos os sistemas – manual e eletrônico – operarão paralelamente para verificar os possíveis erros do novo tipo de chamada.

O bloqueio promovido pelos trabalhadores portuários foi na altura do quilômetro 12 da 277. Os dois sentidos da via ficaram fechados das 9h ao meio-dia, acumulando filas de até sete quilômetros. O objetivo era demonstrar a indignação com o novo sistema.

Segundo o diretor do sindicato, Orlei Correa, que coordenou o fechamento da estrada, com o sistema manual os estivadores chegavam ao porto e localizavam com antecedência em um quadro em que navio iriam trabalhar, o setor e qual função iriam exercer. Com o sistema eletrônico, eles passam um cartão e têm o navio e a função sorteada. "O resultado é pessoas especializadas em determinados serviços acabam sendo mal aproveitadas. Isso aborrece os trabalhadores e também acaba gerando lentidão", reclama.

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O secretário geral do sindicato, Nesias Paulino de França, acrescenta que, como algumas das funções exigem certa habilidade física, muita gente acaba sendo recrutada a exercer serviços para os quais apresenta dificuldade – e não há opção de mudar, como acontecia anteriormente. "Têm pessoas que não podem, por exemplo, trabalhar na sacaria, por ter problemas de coluna ou mais idade. Antes, dava para esperar rodar a lista e escolher uma função mais fácil." Dentre as 28 funções da estiva, os serviços de apiação e desapiação de cargas são os que mais exigem do físico dos trabalhadores e, de acordo com França, devem ser executados por pessoas com porte adequado.

Desde segunda-feira, os embarques e desembarques estão paralisados no porto. Com a confusão da chamada, a distribuição dos serviços atrasou em cerca de duas horas naquela manhã e os trabalhadores não foram para os navios. Ontem, com os protestos, quase tudo parado novamente. Somente o terminal de embarque de grãos está funcionando, por ser automatizado, de acordo com a Administração dos Portos de Antonina e Paranaguá (Appa). O Sindicato dos Operadores Portuários é um dos que afirmam amargar prejuízos com a confusão, que afeta diretamente o setor. Não há valor estimado para as perdas até o momento.

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A Appa não se posicionou oficialmente sobre o protesto dos trabalhadores, uma vez que a responsabilidade sobre os mesmos é do Ogmo. Da parte do órgão, ninguém que pudesse comentar o fato foi encontrado pela reportagem. A expectativa é que os trabalhadores se adaptem ao novo sistema durante as duas semanas seguintes. Após esse período, somente a chamada eletrônica funcionará. Daqui a trinta dias, o juiz deliberará novamente sobre o assunto.