O Paraná abriga os seis últimos indivíduos remanescentes da etnia indígena Xetá, considerada extinta. Atualmente, a Fundação Nacional do Índio (Funai) está realizando estudos para criação de uma reserva xetá na região Noroeste do Estado, dentro do município de Douradina.
O assunto foi tema de discussões durante a primeira edição de 2010 do programa Diálogos Agrários da Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Paraná, que aconteceu na capital.
“Os Xetá foram absorvidos por outras etnias, como a guarani e a kaigangue. Por isso, além dos seis remanescentes, existem 92 descendentes da cultura xetá espalhados pelo Paraná. A ideia é que eles sejam levados para a reserva e tenham sua cultura resgatada”, afirma o produtor do projeto Fragmentos Xetá, que é independente, Marcelo Miguel.
A área onde a terra indígena será estabelecida ainda deve ser demarcada e delimitada. A expectativa, segundo Marcelo, é de que a reserva em Douradina seja criada no período de dois anos. Atualmente, muito pouco da língua e dos costumes xetá sobrevivem.
“Mesmo que existam poucos remanescentes, é um direito dos xetás terem seus costumes preservados. Eles fazem parte da história do Brasil, sendo de extrema importância à história do Paraná”, diz o artista plástico Silvio Rocha, que é pesquisador da cultura xetá e responsável pela exposição “Fragmentos Xetá’, atualmente em cartaz no Espaço Cultural BRDE, em Curitiba.
De acordo com Silvio, os Xetá pertencem à Idade da Pedra Polida (ou período Neolítico), o que os diferencia de outras tribos indígenas. Sua existência foi conhecida pelos homens brancos no final da década de quarenta e início da década de cinquenta, com a colonização.
“Naquela época, eles habitavam a margem esquerda do rio Ivaí. Porém, foram sendo encurralados e tiveram como último reduto a Serra dos Dourados. Em dezembro de 1954, procuraram ajuda dos brancos e passaram a habitar a fazenda Santa Rosa, localizada onde hoje é Douradina. Naquele ano, eles eram cerca de quinhentos indivíduos. Dez anos depois, eram apenas dez, dos quais seis ainda estão vivos’, explica o produtor.