O fim da cobrança de estacionamento nos shopping centers de Curitiba, nas duas primeiras horas, é a proposta do vereador Reinhold Stephanes Junior (PMDB), que tramita na Câmara de Vereadores. Apesar de o projeto de lei não ter ido à discussão nem à votação ? passou apenas pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde recebeu parecer favorável ?, ele já gera polêmica entre os principais shoppings da cidade.

“A lei em Curitiba diz que todo estabelecimento comercial tem que disponibilizar estacionamento para seus clientes, mas a lei não diz se é pago ou não”, afirma o vereador. “Acredito que tem que ser gratuito. É injusto os shoppings cobrarem por hora, pois o lucro tem que vir da comercialização do produto e não do estacionamento.”

Sua proposta, esclarece, é que apenas as duas primeiras horas sejam gratuitas. Os shoppings poderiam cobrar a partir desse período e ainda das pessoas que utilizam o estacionamento, mas não vão às lojas. “É só fazer um convênio com as lojas para que entreguem tíquetes aos clientes”, sugere. O projeto de lei deve ir para discussão em plenário no mês que vem.

Vizinhança

“O projeto tem que ser muito bem avaliado”, diz a gerente de marketing do Shopping Crystal, Lylian Vargas. Segundo ela, durante quatro anos o shopping não cobrou estacionamento. Passou a cobrar há dois, quando as pessoas passaram a deixar seus veículos no shopping, sem freqüentá-lo. “Os clientes vinham e não havia onde parar. Virou um estacionamento da vizinhança e de escritórios da região”, alega.

Lylian afirma ainda que “como se trata de uma propriedade privada, os empresários têm o direito de estar cobrando ou não pelo estacionamento. “As pessoas têm que considerar também o lado da empresa, o investimento que ela fez. Pelo excesso de veículos na cidade, se não houver este tipo de ação (cobrança) não tem onde parar”, acredita. Para ela, o sistema de tíquete sugerido pelo vereador não teria êxito. “Tíquete ou carimbo não resolve. Muitos fariam uma compra mínima, um cafezinho ou um jornal, apenas para ganhar o selo”, diz. O Shopping Crystal cobra R$ 3,00 a hora. O Shopping Mueller e o Curitiba, que também cobram pelo estacionamento, foram procurados pela reportagem. O Mueller informou, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que só falará a respeito caso a proposta se transforme em lei. Já no Curitiba, não houve retorno.

Selo

O Omar Shoppig, localizado no centro de Curitiba, é um dos poucos da cidade que já adota o sistema sugerido pelo autor do projeto de lei. A diretora de marketing Patrícia Santiago explica que todas as lojas dispõem de selinhos de no mínimo meia hora, que disponibilizam para seus clientes. Patrícia diz que é raro o estacionamento ficar lotado. “Como o selo é cobrado dos lojistas, eles não dão de forma exagerada. É apenas para clientes novos ou antigos”, diz . Segundo ela, o shopping não tem a intenção de mudar o sistema atual. “A gente quer que a pessoa possa vir ao shopping sem ter um gasto a mais”, diz. Para quem não tem o selo, o preço da hora é R$ 2,00.

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