Estação chuvosa ajuda ratos a espalhar morte

Nos meses de outubro e novembro, período comum de chuvas em algumas regiões do Brasil, aumenta o risco contaminação por leptospirose e hantavirose. As duas patologias são transmitidas por espécies diferentes de ratos, mas ambas têm alto poder de letalidade, se o paciente não for tratado a tempo e de forma adequada.

De janeiro do ano passado até o início de outubro deste ano, foram registrados no Paraná 170 casos de leptospirose, com 24 mortes. Segundo explica a bióloga chefe da Divisão de Zoonoses e Intoxicação da Secretaria Estadual da Saúde, Gisélia Rúbio, a doença é transmitida por uma bactéria (Leptospiro) existente na urina do rato urbano (Ratus norvegicus), também conhecido como ratazana ou rato de esgoto.

A forma de contaminação mais comum é pela água de esgoto, enchentes, valetas, lagoas ou cavas. O período de incubação da doença é de quatorze dias, sendo que os sintomas são semelhantes com o da gripe. “A diferença é que a pessoa fica com icterícia (pele amarelada) e dor na panturrilha”, disse Gisélia, acrescentando que a ela pode ser fatal se não diagnostica e tratada a tempo.

A ratazana tem cor variando de cinza a branco amarelado, e chega a 25 centímetros de comprimento e trezentas gramas de peso. O animal é onívoro (se alimenta de tudo) e vive em média um ano, tendo nesse período até sete ninhadas com oito a doze filhotes. “A forma de prevenção da doença é não entrar em contato com água poluída, e depois de enchentes, limpar a casa com água sanitária”, alerta a bióloga.

A principal forma de controle dos roedores, comenta a chefe da coordenação de Zoonozes e Vetores da Prefeitura de Curitiba, Maria Elizabete Ferraz, é não favorecer o meio para a proliferação. “É o que chamados de quatro As: água, alimento, abrigo e acesso”, diz, acrescentando que deve-se evitar comida e lixo expostos, e fechar todos os buracos da residência para não facilitar a entrada do rato. Ela comenta que o município tem feito um trabalho de educação em áreas consideradas de subhabitação, e tem obtido bons resultados.

Hantavirose

É uma doença transmitida pelo rato silvestre (Oligorizomys nigripis), também conhecido como rato da taquara ou do arroz. Ele é bem menor que a ratazana, medindo até 12 centímetros, tem cor amarelada, e vive exclusivamente na área rural. A forma de contaminação é através de vírus contido nas fezes e urina do animal. A período de incubação é de 7 à 45 dias, e os sintomas também são parecidos com os da gripe, porém provocando dificuldade respiratória. Se não tratada a tempo, a hantavirose pode matar em dois dias.

No Paraná foram registrados desde 1998 até outubro desde ano 75 casos de hantavirose, com 28 óbitos. No Brasil, na mesma época, foram registrados 229 casos, sendo que 40% morreram em função da doença. Gisélia Rúbio afirmou que no Estado o roedor é encontrado com mais freqüência em áreas de reflorestamento de madeira. “Em áreas de plantação de pinus, onde houve um aumento de trabalhadores, também cresceu o número de pacientes”, disse a bióloga. Boa parte desses trabalhadores vive em barrocos ou acampamentos, e a falta de higiene e forma de exposição dos alimentos acaba atraindo o rato, que contamina o local. Em casas que ficam por um longo período fechadas também pode ocorrer a contaminação pelo vírus da hantavirose.

A forma de prevenir, diz Gisélia, é construir os barracos com um metro de altura do chão, vedar bem portas e janelas, guardar comida em locais adequados e não deixar expostos lixo e ração de animais. Já na hora da limpeza de uma casa é preciso deixar o local aberto por cerca de uma hora para facilitar a circulação de ar, e só depois jogar água sanitária para fazer a higienização do local. Gisélia lembra que a autorização do corte de madeira, expedida pelo IAP ou Ibama, está condicionada hoje a construção adequadas dos barracos.

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