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Apresentação do coral infantil |
A espera enfim acabou para milhares de curitibanos que já têm como hábito, no mês de dezembro, invadir o calçadão da Rua XV de Novembro para se encantar com as apresentações promovidas no Palácio Avenida. Ontem aconteceu a primeira delas, que este ano conta com o ator Paulo Autran, que ao lado de 160 crianças carentes – com idades variando entre sete e treze anos – formam o coral infantil do HSBC. Autran representou o Senhor da Paz na encenação, que durou 55 minutos. Foram executadas 13 músicas. Entre elas oito canções novas, como o Rap da Paz, composto pelo DJ Thaíde especialmente para o evento.
As apresentações no Palácio Avenida acontecem há 14 anos. Este ano elas serão todas a quartas, sextas e sábados até o dia 18 de dezembro. O número de crianças foi ampliado de 140 para 160. A figura do Papai Noel foi substituída no alto do edifício por imagens de pombas e uma grande árvore de Natal. Várias crianças que já participaram do coral e que saíram em razão da mudança na voz foram convidadas para enfeitar as vitrines do Palácio Avenida com fotos. Elas participaram de oficinas e saíram pela cidade colocando nas imagens suas visões de paz.
Além da participação do consagrado ator, a mídia em torno da encenação de Natal do HSBC este ano terá uma campanha nacional, com inserções de sete segundos no horário nobre da TV. Conforme o diretor de marketing do banco, Glen Valente, a montagem e a divulgação do espetáculo custará R$ 6 milhões.
Segundo o diretor-geral do evento, Leonardo Kehdi, o tema "Um Canto de Paz" foi escolhido já em 2000, na Declaração dos Desejos da Criança. Os três primeiros desejos foram natureza, brincadeiras e amor.
Empolgado
Paulo Autran confessou que já havia acompanhado o espetáculo pela televisão e sempre teve desejo de participar da festa. "Estou sinceramente feliz e empolgado. Depois de mais de cinco décadas de palco, foi a primeira fez que participei de uma encenação natalina contracenando com crianças", afirmou, rejeitando a denominação de protagonista do show. "Vim para conversar com as crianças, dialogo com elas o tempo todo", disse.
Cartas repletas de sonho e esperança
Todos os anos milhares de crianças brasileiras escrevem cartinhas ao Papai Noel e as depositam nas caixas dos Correios. Junto com os envelopes – muitas vezes decorados com sinos, guirlandas, pinheirinhos e gorros vermelhos – as crianças deixam a esperança de, no dia 25 de dezembro, ganharem bonecas, carrinhos e outros brinquedos.
Meninos e meninas mais carentes também pedem emprego para os pais, roupas, cesta básica, colchão, fogão, geladeira, bujão de gás e mesmo tratamentos de saúde. Em 1993, em Curitiba, funcionários dos próprios Correios começaram arrecadar dinheiro para atender alguns pedidos, mas a maioria das cartinhas – devido à impossibilidade de serem entregues ao destinatário (o Papai Noel) – eram devolvidas aos remetentes.
Em 1997, atender parte dos pedidos se transformou em projeto corporativo (projeto Papai Noel) dentro dos Correios, acontecendo em todo território nacional. Assim que as cartinhas ao Papai Noel começam a chegar, são lidas e cadastradas. Algumas semanas antes do Natal, os Correios abrem suas portas à comunidade e as cartinhas são disponibilizadas para apadrinhamento. Quando isso acontece, as pessoas podem ir até os Correios, ler o que foi escrito pelas crianças e atender um dos pedidos.
No Natal do ano passado, no Paraná, os Correios receberam 6.326 cartas destinadas ao Papai Noel. Foram atendidos 3.304 pedidos. Em Curitiba, 2.045 foram recebidas e 1.851 atendidas. "Algumas cartinhas são muito comoventes. Depois que os presentes são entregues à população, os Correios fazem a entrega às crianças, alguns dias antes do Natal", comenta a coordenadora do projeto Papai Noel em Curitiba, Kathia Mayewski. "A empresa também escolhe uma cartinha símbolo, apadrinhando ela própria o remetente."
Na capital, as cartinhas estarão à disposição da população a partir da próxima segunda-feira, das 10 às 17 horas, nos Correios da Rua João Negrão, 1251. Elas ficarão disponíveis até o próximo dia 23. (Cintia Végas)