Os dois incêndios registrados no Litoral nesta virada de ano queimaram centenas de milhares de metros quadrados de vegetação na Ilha do Mel e em Pontal do Paraná. O tempo seco e o vento contribuíram para a propagação das chamas, mas, de acordo com o Corpo de Bombeiros, há fortes indícios de que a causa seja humana — e de que, com um pouco mais de cuidado, as situações poderiam ter sido evitadas.
“As principais causas dos incêndios ambientais são: ou as pessoas querem limpar um terreno colocando fogo ou elas deixam que caia bitucas de cigarro e outras fontes de ignição na vegetação”, comenta a porta-voz do Corpo de Bombeiros, Tenente Ana Paula Zanlorenzi. Por isso, os veranistas devem ficar atentos: ao fumarem ou utilizarem fósforos próximos à vegetação, devem recolher esses materiais e dar a destinação adequada.
Na madrugada do dia 31 de dezembro, um incêndio de grandes proporções tomou conta do Morro do Farol, um dos pontos turísticos mais importantes da Ilha do Mel. Um morador disse que turistas foram vistos fazendo fagulhas em pedaços de lãs de aço pouco antes de a tragédia começar. Ao todo, entre 3 e 4 mil metros quadrados de vegetação foram devastados. No dia seguinte, outro incêndio foi registrado em uma área de restinga em Pontal do Paraná. Os bombeiros levaram quase 4 horas para apagar o fogo, que atingiu cerca de 200 mil metros quadrados de uma área de proteção ambiental. Em nenhum dos casos se sabe o que iniciou as chamas.
Outros cuidados
Além disso, Corpo de Bombeiros e a Polícia Ambiental têm orientações especiais para quem acampa. “Os acampamento têm locais específicos. As pessoas não podem simplesmente chegar e acampar na restinga, porque o local é impróprio”, diz Zanlorenzi. O capitão Marcel Elias do Santos, da Polícia Ambiental, completa: “Orientamos evitar a utilização de fogueiras. Em área de mata, deve-se utilizar o material próprio, como fogareiros”.
De acordo com os dois, os luaus com fogueira na praia estão permitidos, mas o fogo deve ter vigilância permanente e ser restrito à areia. “A chama também deve ser controlada, não pode gerar poluição excessiva ou incomodar outras pessoas”, explica Santos.
Ao fim do luau, as chamas devem ser completamente apagadas e os materiais utilizados para fazê-la devem ser descartados adequadamente. “A madeira com brasa, caso haja condição de vento ou a própria ação humana que faça ela chegar na vegetação, pode iniciar um incêndio e a probabilidade de rápida propagação é muito grande”, afirma Zanlorenzi.
Santos lembra que, em qualquer um desses casos, se um incêndio ambiental for iniciado e o responsável identificado, ele pode pegar entre 2 e 4 anos de prisão, além de ter que pagar multa, que varia de mil a 10 mil reais. Se o fogo provocar outros danos além dos ambientais, o responsável também estará sujeito a outras penalidades.
Combate
Tanto no incêndio da Ilha do Mel quanto no de Pontal do Paraná, a ação de moradores e veranistas foi essencial para ajudar a apagar as chamas. De acordo com a tenente do Corpo de Bombeiros, a ajuda é bem-vinda, mas deve seguir algumas etapas – e não pode significar risco para os que decidem ajudar.
“Se as pessoas visualizarem um incêndio, devem acionar o 193. Se ela visualiza alguém colocando fogo em uma área, deve também ligar para a prefeitura e para a secretaria municipal do meio ambiente, para fazer a denúncia”, diz.
Após esse primeiro passo, moradores e veranistas podem tomar providências para o combate às chamas, jogando água ou areia, que faz o abafamento das chamas.
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