O presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Vitor Hugo Burko, recebeu nesta sexta-feira (13) a visita do professor-doutor Carlos Fonseca, da Universidade de Aveiro, em Portugal. Ele também esteve no Parque Estadual de Vila Velha, onde conheceu as medidas adotadas pelo órgão ambiental – de forma pioneira – para erradicar as espécies exóticas de pinnus e javali, que estavam colocando em risco as espécies nativas da região dos Campos Gerais.

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Na avaliação do professor, as medidas adotadas pelo IAP de captura dos javalis são as mais adequadas. “Tendo em vista a situação do parque, que é uma Unidade de Conservação, não há outro método a não ser a captura dos animais, visto que eles se proliferam rapidamente e não possuem predadores próprios. Acredito que com a captura existirá maior controle da espécie e poderemos estudar diretamente o problema, sem falar na necessidade de imunizarmos estes animais para evitarmos problemas de Zoonoses”, salientou.

O professor Carlos Fonseca é doutor em Biologia pela Universidade de Aveiro e já percorreu boa parte do continente europeu para realizar suas dissertações de mestrado e doutorado, sempre a respeito de javalis e espécies invasoras. Sua principal publicação é “Dinâmica Populacional e Gestão de Javali em Portugal e na Polônia”, de 2004.

Como exemplo de espécies exóticas estão o caramujo-africano, mexilhão-dourado, abelha-africanizada, tucunaré, javali, pinus, amarelinho, mamona, madressilva e braquiária, entre outras.

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O presidente do IAP explica que o Programa paranaense tem quatro eixos principais: coordenação, integração, planejamento e capacitação técnica e formação de agentes. “A implementação de estratégias regionais e com a participação da comunidade é importante, especialmente para descentralizar a execução das atividades previstas e obter maior alcance no campo, com ações práticas”, destaca Vitor Hugo Burko

Risco

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No Parque de Vila Velha, Fonseca fez palestra a estudantes e técnicos e disse que o javali é considerado o mais problemático dos animais invasores. “No parque existe claramente uma situação evoluída dos javalis, isto é, temos um animal híbrido oriundo de um cruzamento entre javali e porco doméstico, o chamado Java-porco. Este animal provoca danos severos na biodiversidade, principalmente depredação do solo e vegetação”, explicou Fonseca.

A visita faz parte de uma parceria entre o IAP e a Universidade de Aveiro (uma das mais importantes instituições de ensino de Portugal), que tem por objetivo trocar informações e experiências na questão das espécies invasoras. “Estamos dando um primeiro passo para esta parceria. A possibilidade que o IAP está nos oferecendo é excelente, pois na Europa os javalis são considerados uma espécie nativa, diferentemente do Brasil. Sem dizer que o Paraná adotou de forma inédita uma política clara nesta questão e, por isto, acreditamos que todos têm a ganhar”, completou Fonseca.

Para Mauro Britto, biólogo do IAP, a troca de informações sobre os javalis demonstra a seriedade dos trabalhos do IAP para a resolução do problema. “O Governo do Paraná sempre se mostrou pioneiro no conhecimento das suas espécies invasoras e queremos continuar neste caminho, agora com um novo parceiro”, afirmou.

Experiência

O Paraná foi o primeiro Estado brasileiro a regulamentar, em 2005, a retirada das espécies, com a Portaria 192 do IAP, que permite a extração das espécies exóticas de Unidades de Conservação – copiada e publicada em diversos países. Em 2007, outro avanço. O IAP publicou no mês de maio uma lista com 57 espécies de plantas e 26 de animais considerados exóticos aos ecossistemas paranaenses. A Portaria número 95, que reconhece oficialmente a lista, aponta os tipos de plantios comerciais de espécies exóticas que devem adotar medidas preventivas de controle para não se transformem em vegetação invasora.

A publicação “América Latina Invadida” – produzida pela Organização Não-Governamental “The Nature Conservancy”, que coordena o Programa de Espécies Invasoras para a América do Sul – destaca que a maioria dos impactos ambientais são difíceis de serem calculados em valores monetários. Algumas estimativas apontam que US$ 50 bilhões seriam gastos pelo Brasil a cada ano em função da presença de espécies exóticas em nossos ecossistemas. Apenas a Itaipu Binacional gasta cerca de R$ 1 milhão ao ano para evitar que o mexilhão-dourado danifique suas turbinas.