Um dos maiores especialistas em reprodução humana assistida do Brasil, Roger Abdelmassih, defendeu ontem, em Curitiba, que os casais que apresentam problemas para ter filhos devem ser encaminhados de modo mais rápido pelos ginecologistas para as clínicas de fertilização. A demora causa desgaste emocional nos pacientes e a idade avançada das mulheres diminui as chances de sucesso no tratamento.
Segundo o especialista, 20% dos casais brasileiros, ou seja, cerca de 8 milhões, possuem problemas de fertilidade. Ele avalia que deste montante pelo menos entre 3 e 4 milhões poderiam ter indicação para a fertilização in vitro. No entanto, os casais só chegam às clínicas depois de vários anos de tentativas frustradas.
Para Abdelmassih, os ginecologistas deveriam encurtar o caminho dos pacientes até as clínicas. Ele diz que depois da realização de exames completos e de um ano e meio sem que a paciente engravide, não há mais tempo a perder. Conforme a mulher envelhece seus óvulos acompanham, diminuindo a chances.
No entanto, o especialista reconhece que apenas uma pequena parcela da população tem acesso ao serviço. Um tratamento de fertilização in vitro de ótima qualidade pode custar entre R$ 10 mil e R$ 18 mil. Para o especialista, o governo deveria investir mais nesta área. Diz que comparando com outros países, são poucas as pessoas que recorrem a estas técnicas. Israel, por exemplo, com população de 4 milhões, faz 25 mil por ano, sendo que o Brasil tem população de 175 milhões e faz menos de 10 mil.
O doutor Abdelmassih atua na área de reprodução humana há 32 anos e tem sido o introdutor no Brasil da maioria das novas técnicas de fertilização in vitro.