Para os moradores das proximidades da Avenida Visconde de Guarapuava, entre a Brigadeiro Franco e a Desembargador Motta, na região central Curitiba, a cena não é novidade, fezes e outros dejetos flutuam em meio a uma água suja que vem de uma galeria fluvial do local. “A chuva de ontem (segunda-feira), por exemplo, deixou tudo ainda mais nojento. Fezes ficaram pelas calçadas, além disso, durante semanas, os carros dos moradores daqui acabavam prendendo nos pneus a sujeira e trazendo para dentro da garagem dos prédios”, relata o porteiro de um dos edifícios da região Guilherme Alves Duarte.
“Até parece que tem hora marcada para o esgoto vir à tona”, conta o morador da região Ivahy Detlev Will. Pelo acompanhamento dele, são nos horários de maior fluxo de pessoas e carros que toda a sujeira da galeria emerge. “Chega a borbulhar a água, é uma visão e um cheiro horríveis”, reforça a esposa de Will, a professora Maria Teresa. “Não dá vontade de comer após cruzar com isso”, acrescenta.
A filha do casal, a estudante Walkyria, de 16 anos, conta que o problema começou há dois meses, foi reparado, mas nas últimas semanas voltou. “É nojento, os carros passam e espirram aquela imundice em quem está passando”, reclama.
A reportagem do O Estado procurou a prefeitura de Curitiba. A assessoria de comunicação afirmou que a situação não era de conhecimento da administração municipal até o momento e, na manhã de ontem, mandou uma equipe para efetuar a desobstrução da galeria.
Ainda conforme a assessoria, ao que tudo indica, o problema deve ter sido ocasionado por conta de ligações de esgoto clandestinas que entupiram a rede pluvial.
Em 2009, devido ao fedor do Centro, foi realizado um trabalho de mapeamento de conexões irregulares de esgoto no Anel Central Antigo, e foram detectados 16 pontos irregulares.
Caso isso seja confirmado na Visconde de Guarapuava, tanto os responsáveis pelas ligações quanto a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), empresa responsável pela captação de esgoto na cidade, serão penalizados com multas.
Sanepar
A Sanepar também foi procurada pela reportagem do O Estado e afirmou que recebeu duas notificações na região. A primeira foi no dia 17 de agosto, quando a empresa realizou um reparo em uma rede coletora que havia quebrado.
A última foi no dia 19 deste mês, a companhia recebeu uma reclamação, mas a equipe que foi ao local verificou que era uma rede pluvial e não mexeu. A assessoria de comunicação da Sanepar aproveita para reforçar o apelo de que ao identificarem um transtorno semelhante, os cidadãos devem sempre avisar a Sanepar, telefonando para o número 115.
Mesmo que não seja problema da companhia, a questão será encaminhada ao órgão competente. A prefeitura também tem um número de atendimento à população, o 156, que encaminha diariamente e para o órgão certo cada caso comunicado.