Escotismo completa 80 anos de fundação no Brasil

“Sempre Alerta!” Esse é o lema mundial do movimento escoteiro, que está completando nesta semana 80 anos de fundação no Brasil. Criado e desenvolvido pelo inglês Robert Daden-Powell em 1907, o escotismo chegou ao Brasil anos depois, e até hoje mantém o propósito de contribuir para que os jovens assumam seu próprio desenvolvimento, em especial, do caráter. O movimento educacional também contribui para a realização de potencialidades físicas, intelectuais, sociais, afetivas e espirituais. Na próxima quinta-feira, haverá uma homenagem ao movimento na Câmara Municipal de Curitiba.

Atualmente, no Brasil existem cerca de 63 mil escoteiros em 1,1 mil grupos – desse total 10% estão no Paraná. Voltado para um público entre 7 e 21 anos, o escotismo não possui vínculos políticos partidários e valoriza a participação de pessoas de todas as origens e raças. O único pré-requisito para ingressar em algum grupo é ter a idade mínima e estar disposto a aprender. O movimento escoteiro é dividido por faixa etária, onde as atividades são comandadas e divididas por quatro ramos e seções: Lobinho (de 7 a 10 anos), Escoteiro (de 10 a 14 anos), Sênior ou Guias (14 a 17 anos) e Pioneiro (17 a 21 anos).

Para o médico cardiologista e chefe da inspeção dos Escoteiros Masculinos do Grupo Positivo, Eduardo Zen – que está no grupo há três anos e veio incentivado pelo filho – o movimento pode ser definido como uma oportunidade de educação complementar, com o objetivo de estimular o máximo a autoconfiança e valores das crianças. “Hoje existe uma onda de medo, onde elas (crianças) acham que só estão seguras em casa, com a televisão e video game, e nos shoppings centers. O escotismo é uma oportunidade de mostrar que existem outras atividades mais interessantes onde se está aprendendo o tempo todo”, comentou.

Já o médico pediatra e chefe de inspeção dos Escoteiros Femininos do Grupo Positivo, Edison Niece – escoteiro há dez anos -, avalia que a participação da família dentro do grupo também tem muita importância. “Algumas são omissas, pois deixam os filhos aqui e vão fazer outras atividades. O interessante é que elas também se integrem, pois juntos todos aprendemos”, ponderou.

Acampamentos

Os grupos de escoteiros têm uma reunião semanal que acontece aos sábados. Nelas são desenvolvidas uma série de atividades com o propósito de aprendizagem. “Toda a atividade tem um objetivo”, explica Niece, comentando que são nos tradicionais acampamentos que eles colocam em prática o que aprenderam. Aliás, os acampamentos são as atividades preferidas dos participantes. Felipe Brasil Júnior e Bruno Bertoldi, ambos com 11 anos, contam que vieram interessados nessas atividades, mas que hoje acham que tudo dentro do grupo é interessante. O mesmo pensa Maiara Yabusak, de 9 anos. “Vim para o grupo porque gosto de acampar, mas hoje vejo que tem outras coisas”, falou.

Porém, os integrantes também participam de palestras e atividades, dentro e fora do grupo, e de trabalhos comunitários. Zen comenta que recentemente o grupo fez uma visita à Delegacia Antitóxicos, onde puderam conhecer de perto a realidade dos presos e ter contato com os tipos de drogas existentes. “Foi um trabalho bastante seguro, com o acompanhamento do delegado, onde as próprias crianças tiraram suas conclusões sobre as conseqüências do uso de drogas”, comentou o inspetor do grupo masculino.

E esse tipo de experiência é que ajuda no desenvolvimento das crianças. Para Greghos Halleth, de 12 anos, e escoteiro há um ano e meio, a convivência no grupo tem sido uma lição de vida. “Aqui nós aprendemos como viver em sociedade, cuidar das pessoas que estão com a gente e ser solidário”, afirmou. Greghos conseguiu trazer o amigo João Pedro Pelligue, de 10 anos para o grupo, e garante que pretende “angariar” outros colegas para o movimento. “Acho que o que a gente aprende aqui leva para a vida toda”.

Mudanças

Uma das metas de Marco Henrique Flor, 12 anos e no grupo há mais de um ano, também é conseguir trazer novos amigos para o escotismo. Esse incentivo, conta, é porque já conseguiu perceber mudanças no seu próprio comportamento. “Hoje acho que sou melhor no meu dia-a-dia”. E essa mudança é confirmada pelo pai, o empresário Osvaldo Flor. Segundo ele, o movimento está agregando valores já repassados dentro de casa, como a responsabilidade, disciplina e iniciativa. Um caso interessante, conta Flor, aconteceu durante a semana.

“Estamos só os dois em casa, pois minha esposa viajou. No sábado quando levantei, ele já tinha feito o café”, conta impressionado, pois isso ele não aprendeu a fazer em casa. Para a mãe de Kendra Keller Mocelin, de 9 anos, Karina Mocelin, o grupo tem ajudado no desenvolvimento da filha. “Ela era tímida, e hoje vejo que está mais solta e segura”, comenta.

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