Tirar a garotada da rua e, quem sabe, colocar em um grande clube de futebol. Esse é o sonho que o estudante Márcio Antônio de Paula tenta realizar todos os dias no Tatuquara. No peito e na raça, quase sem nenhuma ajuda, ele comanda a escolinha Futuro do Amanhã, que reúne crianças carentes do bairro para treinar e disputar campeonatos pela região.
Antes de ser professor de futebol da criançada, Márcio teve que vencer uma dura partida. “Eu estudei na Escola Especial Mercedes Stresser e foi lá que comecei no esporte. Entrei na escola aos 9 anos. Tinha ataques epiléticos e precisava tomar muitos remédios. Hoje, graças a Deus, estou curado”, relata.
A ideia de montar a escolinha surgiu há cerca de 10 anos. “Quando completei 18 anos tive que sair da escola e, para não ficar sem fazer nada, comecei a reunir a molecada pra treinar”, conta Márcio. “Hoje estudo à noite e durante o dia treino o nosso time.”
As aulas de futebol são na Praça Aníbal Curi, no Jardim da Ordem. Márcio treina 20 crianças, de 8 a 13 anos. “Minha filha sempre brincava de futebol no colégio e gosta muito de jogar bola. É o grande incentivo para a piazada ficar longe das coisas erradas”, diz o azulejista Claudinei Monteiro, pai de Gladisnara, de 11 anos, a única menina da turma.
Sozinho
Hoje, Márcio tem que se virar sozinho para manter a escolinha. “Consegui os coletes com a Secretaria do Esporte, mas o resto tive que tirar do bolso. Tinha um rapaz que trabalhava comigo, mas foi embora sem me avisar e levou todo o material”, lamenta.
Para continuar com o projeto e poder atender mais crianças, Márcio pede mais apoio do poder público e da comunidade. “A gente sempre tenta, mas ninguém ajuda. Políticos vêm pedir votos, mas depois nos esquecem. Sinto-me até discriminado aqui no Tatuquara. Tem várias lojas de esporte que poderiam ajudar”, afirma.
Ajuda
Quem quiser contribuir com a escolinha pode procurar por Márcio, no campinho da praça Anibal Curi, na Rua Ernesto Germano Hannemann. Os treinos são de terça-feira a sábado, de manhã e à tarde.