Estar conectado na internet, principalmente nas redes sociais, parece ser obrigatório para os mais jovens. Com os alunos em sala de aula não é diferente. A criançada adora os recursos tecnológicos, como um tablet ou celular. As meninas usam mais para conversar, os meninos se interessam mais nos jogos e assim a concentração no mundo ao redor vai embora. Quem sofre com esse excesso de interatividade nas mãos dos pequenos são os professores, que têm que se virar para passar o conteúdo.
Para driblar esse comportamento, a Escola Atuação proibiu o uso dos aparelhos na escola. “Celular ligado, só do lado de fora do colégio”, conta a diretora Esther Cristina Pereira. Mas o aprendizado de todos os alunos do 1º ao 9º ano é feito em salas interativas computadorizadas. Os quadros têm telas sensíveis ao toque.
Marco André Lima |
---|
![]() |
Meninas usam mais para conversar; meninos, para jogar. |
Para o professor de matemática, física e geometria, Reginaldo Roberto Modesto, assim fica mais fácil para ensinar e aprender. “Hoje existem mais softwares para a área de matemática. Agora não é preciso mais sair da sala para dar exemplos. Posso mostrar a diferença do cubo para o quadrado girando ele na tela”. Os alunos também aprovam a interação tecnológica. “Fora da aula não largo o celular de maneira nenhuma, estou sempre mandando mensagem, até durmo com ele debaixo do travesseiro, mas na aula não sinto falta”, diz Mariana Godoy, aluna do 6º ano.
Sua colega Giovana Pedrini também não se sente entediada sem o celular durante a aula. Ela diz que sabe usar o aparelho na hora certa. “Eu uso bastante o celular, mas tenho várias atividades, como inglês e natação, e então não sinto tanta falta”. Caso contrário do aluno do 7º ano Leonardo Eberle: “fico com vontade de usar o celular na aula, sempre quero ficar jogando nele”.
Consciência
Segundo a diretora, a proposta de não ter acesso às redes sociais é forçar o uso consciente da internet. “Quando o aluno estiver em casa ele vai muitas vezes passar o dia na internet, no Facebook. Essa é uma maneira de forçar o uso da internet como ferramenta de pesquisa”. A apresentação dos trabalhos também fica mais tecnológica. “Temos trabalhos que o aluno vem, abre o e-mail e apresenta. Eles até nos mostram novos programas para melhorar as apresentações”, conta a professora Luciana Knupp Gonçalves de Lima. No pátio da escola, há um computador onde é permitido acessar a internet para pesquisas e consulta de e-mails.
No embalo das novas tecnologias
Marco André Lima |
---|
![]() |
Mateus e Leticia: antenados. |
As escolas da rede municipal de ensino também estão antenadas na necessidade de trazer as tecnologias que os alunos levam para a sala de aula para melhorar a educação. Em uma das atividades, o professor leva uma caixa de Lego para um grupo de alunos e o uso do celular é permitido para enriquecer a atividade. “Na atividade tem o montador, o organizador, o apresentador e o relator. O relator escreve, ele relata como foi, só que eles não gostam muito. Nós damos a opção para ele utilizar a câmera do celular, assim ele pode mostrar como foi feita a montagem do Lego fazendo um vídeo”, conta Dagmar Heil Pocrifka, Gerente de Tecnologias Digitais da Secretaria Municipal da Educação.
A partir de maio, os professores receberão orientações que fazem parte do projeto Edutecnologia. De acordo com o coordena,dor de Tecnologia e Difusão Educacional, Marlon de Campos Mateus, o intuito é que o professor não tenha que fazer um curso longo que tome o tempo dele. “O Edutecnologia vai na escola para ensinar o professor que quer mostrar um vídeo na aula, mas não tem internet na sala para fazer isso na hora. É nesse momento que os técnicos vão ensinar o professor a baixar esse vídeo em casa e como ele vai mostrar isso na sala”.
“Nós não descartamos nenhuma ferramenta”, diz a diretora do Departamento de Tecnologia e Difusão Educacional da Secretaria Municipal de Educação, Leticia Mara de Meira. Os alunos da rede municipal também contam com 20 mil netbooks.
Sem timidez nas redes sociais
Para a psicóloga de crianças e adolescentes Izabela Vicente de Oliveira, nesta faixa etária há necessidade de se isolar dos adultos, por isso o distanciamento familiar e a consequente aproximação com amigos são comuns. Segundo ela, “esse afastamento é normal, não quer dizer que os pais não têm espaço na vida dos filhos”.
Na avaliação de Izabela, o motivo do jovem usar as redes sociais muitas vezes de forma exagerada é que dessa maneira ele consegue lidar melhor com a timidez para interagir com seu grupo. “Isso é saudável, ele vai buscar o distanciamento, para desenvolver a identidade, o que vai garantir a participação ativa com os amigos 24 horas por dia. O que evita que se sinta sozinho e inseguro”, ressalta.
Por isso, os pais têm papel fundamental na educação dos filhos quanto ao uso das tecnologias. É importante que pai e mãe sejam coerentes e um modelo de como usar o celular. “Se o pai fica muito no celular, o filho também vai usar, os pais têm grande responsabilidade nisso”, instrui a psicóloga. Izabela orienta conversa e imposição de limites quando o filho ainda é pequeno. Se a criança diz que não consegue dormir, o pai tem que monitorar o hábito dela. “Esquente o corpo da criança com banho, com um chá, ajuda a relaxar. Ler uma história ou ver o filme favorito também ajuda”, recomenda.
Gerson Klaina |
---|
![]() |
Sala interativa tem quadro com tela sensível ao toque. |
