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Em qualquer época, as escolas sempre tiveram um papel fundamental para o desenvolvimento da sociedade. A história de muitas delas se mistura à das cidades onde formaram seus primeiros alunos. Em Curitiba, o Colégio Estadual do Paraná (CEP) deu origem à Biblioteca Pública do Paraná e à Rádio Educativa. Em Paranaguá, o Instituto Estadual de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha formou professores do ensino básico, ajudando na expansão das escolas para as regiões periféricas da cidade.

A fundação do CEP carrega na sua origem marcas imperiais. Foi criado ainda no governo de D. Pedro II, em 1846. Completará 159 anos em 13 de março, sendo mais velho que o Estado do Paraná, que está com 151 anos. Seu primeiro nome foi Liceu de Coritiba e estava instalado no Largo da Matriz. Ensinava gramática latina e língua francesa.

A sede atual foi inaugurada só em 29 de março de 1950, pelo então presidente da República, general Eurico Gaspar Dutra. A infra-estrutura é motivo de orgulho e ganha de muitas escolas particulares. Além das 45 salas de aulas, possui laboratórios, auditório, salão nobre, piscina olímpica, ginásio, quadra, pista esportiva, entre outros. É a única na América Latina que tem um planetário, com observatório astronômico. "São 159 anos de ensino de qualidade", diz a chefe do setor de comunicação, Égide Maria Nascimento Petterle.

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Égide fala que o CEP não é apenas a escola mais antiga do Estado, mas sempre esteve à frente de diversos movimentos sociais. Em 1942, os alunos e a direção iniciaram uma campanha pública para a construção de um abrigo antiaéreo na cidade. Era a época da Segunda Guerra Mundial e temia-se que o conflito chegasse ao País. A solicitação foi aceita e, durante a construção da sede atual, o porão recebeu reforços na estrutura para agüentar um bombardeio. Segunda ela, as paredes são espessas e as janelas são bem pequenas. Mas o local nunca foi usado e hoje abriga oficinas de arte.

Ao longo dos anos, o CEP sempre colaborou para o desenvolvimento da educação e cultura no Paraná. Deu origem à Biblioteca Pública do Paraná em 1857, que recebeu o nome de Biblioteca Pública Provincial. Mais tarde, a instituição foi desmembrada.

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Os jogos escolares, que hoje reúnem estudantes de todo Estado, também foram criados por professores e alunos do CEP. Em 1938, eles se reuniram pela primeira vez para a confraternização através do esporte. Foi lá também que a Rádio Educativa deu seus primeiros passos, sob o nome de Rádio Emissora do Colégio Estadual do Paraná. Outras instituições também surgiram graças à iniciativa de quem esteve a frente do colégio, como o Grêmio Estudantil e a Associação de Pais e Mestres. Hoje elas existem em praticamente todas as escolas do Estado.

Destaques em várias áreas

A galeria de ex-alunos do Colégio Estadual do Paraná é invejável. Eles se destacaram em diversas áreas como a artística, política, médica, jurídica e cultural. Faz parte da lista o ex-presidente Jânio Quadros, seis governadores, entre eles Roberto Requião e Jaime Lerner, e o atual secretário de Estado da Educação, Maurício Requião. Entre os atores, Ari Fontoura, que foi primeiro secretário artístico do grêmio estudantil, o ator Herson Capri e René de Virmond. Eles fizeram o curso de teatro do CEP. Vários outros nomes também merecem ser mencionados, como Poty Lazzarotto, Rubens Smanhoto, Guido Viaro, Bento Mossurunga e Arrigo Barnabé. Por ser uma instituição com características tão particulares, em 1964, a Lei Estadual 4.978 transformou o colégio em órgão próprio da Secretaria de Estado da Educação, concedendo-lhe a autonomia administrativa e financeira. Em 2004 a unidade contava com cerca de 5 mil alunos, 230 professores e 120 funcionários. (EW)

Curiosidades do CEP

Em 1847 era permitido no colégio o uso moderado de palmatória nos alunos.

Em 1852 as matrículas eram de 12 de fevereiro até o último dia do mês. O ano letivo só começava em março e terminava em 31 de outubro. Além dos domingos, uma lei estadual considerava como feriado todas as quintas-feiras.

No dia 22 de maio de 1880, recebeu a visita do imperador d. Pedro II. Na época tinha o nome de Instituto Paranaense. Em 2002, foi a vez do bisneto da princesa Isabel, d. Bertrand Orleans Bragança.

Em 1974 o colégio passou a ofertar cursos profissionalizantes.

Na década de 1970 os meninos estudavam pela manhã e as meninas à tarde.

Os professores que davam aula no CEP foram os mesmos que fundaram a Universidade Federal do Paraná.

O professores do CEP também participaram do movimento pela criação do Estado do Paraná, que era a Quinta Comarca de São Paulo.

Patrimônio histórico de Paranaguá foi restaurado

O Instituto Estadual de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha surgiu em 1927 em Paranaguá com o nome de Escola Normal. Foi criado na gestão do governador Caetano Munhoz da Rocha. Na época, a agricultura estava no auge, com a exportação de café e chá pelo porto. A cidade experimentava os benefícios do progresso e uma escola que atuasse na formação de professores se fazia necessária.

O assistente administrativo do Núcleo Regional de Educação de Paranaguá, Luís Roberto Marinho Correia, conta que, à medida que as professoras se formavam, eram abertas pequenas escolas nas regiões mais distantes. A iniciativa colaborou para expandir o ensino para todas as classes sociais, uma vez que os mais pobres não tinham como se deslocar todos os dias para a sede da cidade.

Patrimônio

Devido à sua importância, o prédio foi tombado como patrimônio histórico. Seu estilo é neoclássico e o desenho assume a forma de um anfiteatro a céu aberto, moda popular nos meios sociais europeus da época. Ainda hoje, a capela guarda os vitrais originais na porta da capela. Eles são de cristal e vieram da Alemanha. Ao lado das escadas, foram desenhadas folhas, que ajudavam a disciplinar o uso das escadas. As que apontavam para cima indicavam que daquele lado deveria se subir. Folhas para baixo, era para descer. "Só quem conhece a história presta atenção nesse detalhe", comenta Correia.

A escola ainda guarda uma imagem de Nossa Senhora, doada pelo próprio Caetano Munhoz da Rocha, que usava a capela para fazer orações. Em 2000, o prédio passou por uma ampla reforma, mas ainda guarda as características da sua fundação.

Por muitos anos, o colégio manteve aulas só pela manhã e à tarde. Moças de família não poderiam sair de casa durante a noite. Mas hoje a escola é ocupada nos três turnos, onde estudam cerca de 1,8 mil alunos. Além da formação de professores, a unidade já ofertou outros cursos profissionalizantes e o ensino de 1.ª a 8.ª séries e ensino médio. (EW)

Funcionário conta histórias de fantasmas

Como toda instituição antiga que se preze, o Colégio Estadual do Paraná (CEP) também tem suas histórias de fantasmas. Ostap Moisa, há 34 anos trabalhando na instituição, é referência quando se trata do assunto. Os alunos sempre o procuram para ouvir as suas histórias.

Ele conta que o primeiro fantasma do CEP surgiu na época em que a sede atual estava sendo construída. O local era conhecido como a chácara na Nhá Laura. Os pedreiros moravam longe e dormiam no local. Toda noite eles podiam ver nos campos a figura de um homem vestido com uma capa e um chapéu preto. Ele seria o capataz, que há muito tempo havia trabalhado para a dona da chácara.

Outro fantasma teria sido visto ainda na década de 60 pelo eletricista da instituição. Uma noite, após um evento no auditório, ele era o encarregado de fechar o lugar. Ficou esperando a saída das pessoas, mas observou que um homem havia ficado bem no meio da platéia. Pensou que ele teria dormido ou estava passando mal. Quando se aproximou para ajudá-lo, ele desapareceu.

Uma outra situação aconteceu mais recentemente no porão, onde são ministradas as aulas de arte. Uma inspetora estava esperando que todos saíssem para fechar a porta. Mas ela observou que uma moça loira ainda estava lá. Quando se aproximou para falar com ela, a jovem foi para o banheiro e até hoje não saiu de lá.

Ostap não confirma se as histórias são verdadeiras, mas gosta de contar sempre que é solicitado. Ele é sempre o último a sair, fechar as portas e apagar as luzes e sentencia: "Até hoje nunca vi nada". (EW)

Colégio custou 3 contos de réis

O Colégio Estadual Dr. Xavier da Silva também teve uma participação significativa na vida de Curitiba. A instituição existe há mais de 100 anos, sendo entregue à comunidade em 1904, com o nome de Grupo Escolar Modelo. A obra custou três contos de réis. Ali também estudaram pessoas que se destacaram em suas áreas de atuação.

Durante algum tempo, a escola funcionou como uma unidade do Colégio Estadual do Paraná. Depois ganhou sua independência. Em 1929, passou a ser chamada de Escola Dr. Xavier da Silva e oferecia o ensino pré-escolar até a 8.ª série. Em 1998, passa a ser chamada de colégio e começa a oferecer ensino médio.

O prédio também foi tombado pelo Patrimônio Histórico e, em 2001, passou pela primeira reforma. "Chovia dentro das salas, as portas estavam quebradas e havia buracos nas paredes", lembra a diretora Ednamar Salvina Silva.

Mas hoje o prédio está em bom estado. A escola recebeu pintura nova e os desenhos que compunham a antiga podem ser vislumbrados na biblioteca da unidade. Também foram conservados os lambrequins das varandas e os pisos dos corredores. (EW)