?Escola Já? beneficia crianças pobres

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), aprovado no Brasil no ano de 1990, afirma que toda criança têm direito à educação. Porém, em todo País, muitos meninos e meninas deixam de ir à escola para acompanhar ou ajudar seus pais na composição da renda familiar. Em Curitiba, isto é bastante comum de acontecer com filhos de carrinheiros, que muitas vezes deixam de freqüentar as salas de aula para ajudar na coleta de materiais recicláveis pelas ruas da cidade.

Com o objetivo de mudar esta realidade, as Faculdades Integradas Espírita, em parceria com o Instituto Salesiano de Assistência Social, criou o projeto ?Escola Já?, que desde 1996 vem colocando crianças oriundas de famílias de baixa renda, moradoras da Vila Parolin e filhas de carrinheiros, na escola. Atualmente, onze famílias, responsáveis por 33 crianças, são beneficiadas.

?O projeto foi criado a partir de um estudo realizado pelas Faculdades Espírita para traçar o perfil dos moradores da Vila Parolin. Na ocasião, foram identificados três grandes problemas do local: evasão escolar, falta de educação ambiental e ingerência no trabalho dos carrinheiros. Junto com lideranças da própria comunidade, procuramos estudar formas de resolvê-los?, comenta a assistente social e coordenadora do projeto, Janete Kveta Quadros.

Através do ?Escola Já?, famílias assistidas se comprometem a mandar suas crianças à escola e, em troca, recebem um auxílio mensal de R$ 100,00. As crianças participantes realizam atividades educacionais em período integral, o que não permite que elas fiquem ociosas e acabem indo trabalhar com os pais ou mesmo caindo na marginalidade. ?A realidade dos carrinheiros não deve ser a realidade da crianças. Nas ruas, elas correm uma série de riscos, podendo inclusive ser atropeladas e se machucar com objetos cortantes. Desta forma, o projeto visa tanto a erradicação do trabalho infantil quanto o bem-estar das crianças?.

Pais

Para os pais dos meninos e meninas que integram o projeto, o ?Escola Já? garante tranqüilidade. A coletora de materiais recicláveis Valdenice Sanini que o diga. Mãe de três crianças de 2, 5 e 6 anos de idade e de um adolescente de 17, ela conta que vai trabalhar bem mais sossegada sabendo que seus filhos estão na escola. ?Antes de meus filhos participarem do projeto, eles iam para as ruas catar papel comigo, pois eu tinha medo de deixá-los em casa sozinhos. Hoje, sei que eles estão seguros e aprendendo muitas coisas na escola?, diz.

Periodicamente, os responsáveis pelo projeto também promovem palestras aos familiares das crianças. Nestas, falam sobre direitos e deveres, conservação do meio ambiente, reciclagem de resíduos sólidos, entre outros assuntos. ?Os R$ 100,00 que recebo mensalmente do projeto me ajudam muito, mas para mim o dinheiro não é o mais importante. Valorizo principalmente o que eu e meus filhos estamos aprendendo. Hoje, com todas as informações que estamos recebendo, estamos tendo condições de levar uma vida bem melhor?, afirma Valdenice.

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