O Hospital Erasto Gaertner, mantido pela Liga Paranaense de Combate ao Câncer (LPCC), está com uma dívida de R$ 3,8 milhões, fruto das fontes de receita da instituição. A maioria dos pacientes (89%) é atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que não reajusta a tabela de procedimentos há oito anos. O resto do dinheiro vem dos atendimentos de convênios, planos de saúde, pacientes particulares e doações. O déficit mensal da LPCC é de R$ 40 mil, depois de uma restruturação interna, pois o saldo negativo chegava a R$ 250 mil por mês.
O superintendente da Liga, Luiz Antônio Negrão Dias, explica que outra razão da dívida é o bom atendimento oferecido pelo hospital, no qual 60% da tecnologia é importada e custeada em dólar. “Várias pessoas dizem que é possível pagar com a verba do SUS, desde que diminua a qualidade do serviço e isso eu não vou fazer”, afirma. De acordo com ele, o Erasto Gaertner, referência no tratamento contra o câncer, tem índice de cura de 51%, igual ao de hospitais internacionais importantes no segmento.
O déficit também é agravado pela queda nas doações para a Liga, que há 10 anos somavam R$ 400 mil e atualmente são de R$ 200 mil. “Hoje as pessoas passam por mais dificuldades, mas precisamos resgatar isso. Com essa diferença, daria para fechar o mês sem dever nada”, justifica Dias.
Outro problema da instituição é o aumento no volume de atendimentos prestados. Em 2001, 141.488 pessoas passaram pelo hospital; em 2002, 178.236; e em 2003, 197.178 pacientes. Uma das causas para isso é o envelhecimento da população. Dias conta que, em 1900, a expectativa de vida era de 34 anos. Hoje, ela gira em torno dos 70 anos. “E, a partir dos 45, aumenta o número de casos de câncer”, aponta o superintendente. Além disso, em alguns tipos da doença a incidência está ocorrendo mais cedo, como o câncer de mama em mulheres jovens. Alguns fatores de exposição também ajudam para o aumento dos casos da doença, como o fumo, a bebida alcoólica, a alimentação não-balanceada e o sendentarismo.
Aumentar espaço físico é urgente
Com o aumento no volume de pacientes nos últimos anos, o Hospital Erasto Gaertner precisa urgentemente, de mais espaço físico. A estrutura atual é a mesma que foi inaugurada em 1972. Para o superintendente da Liga Paranaense de Combate ao Câncer (LPCC), Luiz Antônio Negrão Dias, a situação vai piorar e o hospital não terá condições de atender a todos os pacientes que procurarem a instituição.
Ele conta que existe o esqueleto de um prédio com quatro andares no complexo do Erasto Gaertner que está para ser finalizado há 12 anos, mas não sobra dinheiro para isso. “Mas esse edifício já não daria conta das nossas necessidades. Custa R$ 3 milhões e vai agüentar somente um ano e meio. Precisamos construir outro bloco de seis andares urgentemente”, afirma Dias.
Piora
A situação pode ficar mais crítica depois que alguns hospitais em todo o Paraná reduziram os atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em virtude disso, os pacientes estão recorrendo mais ao Erasto Gaertner. “Só na quimioterapia, nós atendíamos 300 pacientes e hoje, estamos com 500. Não sei como faremos para suportar a demanda”, comenta o superintendente. A Liga cansou de esperar dinheiro do governo para a construção dos prédios. “O povo construiu o hospital e vamos precisar dele para ampliá-lo”, indica Dias. A LPCC está procurando parceiros, principalmente empresas, para viabilizar a obra. “Cada uma pode pegar um andar, por exemplo. Teremos que ativar isso até julho, se não vamos enfrentar problemas sérios”, avalia. O telefone da Liga, para mais informações, é 0800-643-4888. (JC)
Único centro de referência para deficientes
O Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba, é referência no tratamento de câncer, mas também disponibiliza outros serviços para a população. O mais recente, implantado em maio do ano passado, é o instituto de reabilitação para deficientes físicos, que atende 110 pessoas por dia. Desde a sua criação até dezembro de 2003, 1,6 mil pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) passaram pelo setor.
O centro é o único de referência no Paraná, nominado por meio da Portaria 818 do Ministério da Saúde. “Cerca de 6% da população tem algum tipo de deficiência e ainda não tínhamos no Estado um centro de reabilitação dessa maneira”, conta Luiz Antônio Negrão Dias, superintendente da Liga Paranaense de Combate ao Câncer, mantenedora do Erasto Gaertner. “As secretarias estadual e municipal de Saúde queriam criar dois centros: uma na Região Metropolitana de Curitiba e outro no interior. E nos contemplaram esse trabalho”.
Atualmente, o hospital acomoda o setor em uma instalação pequena, dentro da própria instituição. “Hoje estamos fazendo o arroz com feijão, mas precisamos de um espaço maior para abrigar o instituto, com piscina e centro de marcha, essenciais para uma boa recuperação”, explica Dias. Ele espera um padrinho, uma pessoa ou empresa que esteja disposta a realizar as obras para o instituto.
De acordo com ele, esse tipo de serviço antigamente era descentralizado e o hospital conseguiu reunir a reabilitação, juntamente com outros tratamentos para os deficientes – como fonoaudiologia e psicologia – em um mesmo local. As pessoas que são atendidas pelo instituto também recebem, gratuitamente, próteses importadas e cadeiras de rodas. O dinheiro para isso vem de verbas do governo federal.