Desenvolver estudos, realizar pesquisas, verificar o que acontece na costa paranaense. Tudo isso – e muito mais – é o que o Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), faz todos os anos na cidade de Pontal do Paraná, litoral do Estado.
Contando com diversos mestres e doutores em sua equipe, o CEM faz trabalhos voltados para esta área desde 1980, quando ainda se chamava Centro de Biologia Marinha (CBM) e estava instalado em Curitiba.
Entre as diversas pesquisas realizadas pelo CEM está a da doutora Camila Domit. Desde 2008 ela realiza trabalhos envolvendo golfinhos e tartarugas marinhas. “Monitoramos toda a área litorânea do Paraná. Verificamos golfinhos e tartarugas para saber onde eles costumam se alimentar, verificamos quais são as reais ameaças que possam atingi-los, a idade. No caso de morte, investigamos qual foi a causa, se foi alguma contaminação, doença, ação do homem”, explica.
Além dessas duas espécies, a pesquisadora conta que o centro também estuda baleias e está iniciando uma pesquisa com lobos-marinhos. “Mas o forte mesmo são os golfinhos e tartarugas”, esclarece.
Uma das importâncias em estudar o mamífero marinho é o fato dele ser o que Domit classifica como “sentinela”. De acordo com a doutora, a presença do golfinho pode assegurar que o local está sem problemas.
“Ele está no topo da cadeia. Costuma se alimentar dos mesmos peixes que nós comemos. Então, se aparecem animais com alguma enfermidade séria em uma área do nosso litoral, isso indica que os peixes dali podem representar perigo para a gente”, informa.
Domit chama a atenção para o fato de que nosso litoral é frequentado por 14 espécies de golfinhos e cinco de tartarugas marinhas. “Por aí a gente vê a necessidade de preservarmos nossos mares. As tartarugas marinhas que vêm até aqui são as mesmas que vão a todo o litoral brasileiro. Todas elas correm risco de extinção. Elas sofrem principalmente com o lixo do mar. Quando encontramos uma tartaruga morta, é comum encontrar em seu interior plásticos e tampa de garrafas’, diz.
No caso dos golfinhos, a espécie conhecida como Toninha, presente principalmente na Baía de Paranaguá, está ameaçada. “Ele cai facilmente nas redes dos pescadores e é muito sensível. Estamos trabalhando junto aos pescadores para alertá-los e ajudar na preservação dessa espécie”, afirma.
Ainda sobra tempo para a pesquisadora fazer o que ela chama de sensibilização ambiental. “É uma ação desenvolvida em escolas e nas praias sobre porque devemos preservar estas espécies”, encerra.
Bichos devem ser recolhidos
Se você encontrar um pinguim, golfinho, tartaruga ou lobo marinho na praia, morto ou vivo, e não sabe como proceder, o Centro de Estudos do Mar (CEM) pode fazer o recolhimento desses animais.
De acordo com a doutora Camila Domit, esse trabalho é feito pelo laboratório de Ecologia e Conservação do CEM e, no caso de aves, pelo Laboratório de Ornitologia.
Domit alerta que, sob hipótese alguma, as pessoas devem tocar ou fazer o transporte desses animais. “Eles podem transmitir doenças, por isso não se deve tentar pegá-los. Basta nos informar, ou chamar a Polícia Ambiental ou o Corpo de Bombeiros para fazer a remoção e transporte”, alerta.
Atualmente, o Centro de Reabilitação do CEM conta com quatro pinguins e um lobo marinho. Como o espaço não tem as condições ideais para esse tipo de trabalho, o CEM trabalha em parceria com outras instituições.
“Usamos o local como um centro de triagem. Após um trabalho inicial, enviamos para outros locais. No caso do lobo marinho, por exemplo, ele está bem de saúde, mas está cego, possivelmente por uma ação do homem. Ele será transferido para a Bahia”, rev,ela.
Quem encontrar esses animais na praia pode ligar para os telefones (41) 3511-8600 ou 9854-3710.