Basta fazer um pouco de calor para que as aranhas-marrons (Lexosceles intermedia), inimigas número um de quem mora em Curitiba, comecem a aparecer. Geralmente, elas são encontradas em locais quentes, como no interior de sapatos, no meio das roupas, em entulhos de madeira, atrás de quadros, dentro de livros e pilhas de papel.

Dados preliminares da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba indicam que, de janeiro a setembro deste ano, 2.113 pessoas foram picadas por aranha- marrom na capital, o equivalente a 234 pessoas por mês. Em 2001, foram realizadas 3.061 notificações, um índice de 1,89 casos para cada mil habitantes.

Essas aranhas são mais percebidas durante a primavera e o verão, pois nessas épocas do ano, os insetos, seus alimentos preferidos, têm uma proliferação maior. “Como há uma disponibilidade maior de alimentos, as aranhas têm mais predisposição para se reproduzirem”, comenta o infectologista Alceu Pacheco, do Hospital do Trabalhador.

Considerada pouco agressiva, a aranha costuma picar quando são esmagadas ou pressionadas contra o corpo dos seres humanos, pois se sente ameaçada. Devido à uma reação do organismo contra o veneno do animal, a picada forma uma necrose na pele, que, se não tratada, pode se transformar em uma ferida profunda. No início, a picada deixa na pele um pontinho escuro, cercado por uma área vermelha, que coça bastante. Algum tempo depois, o pontinho se expande e se transforma em uma área roxa central. No local, a pele fica mais endurecida. “A picada da aranha-marrom não é dolorida e, por isso, muitas vezes passa despercebida. A pessoa sente apenas como se tivesse um espinhozinho na roupa”, explica.

Percebendo que foi picada, a pessoa deve rapidamente procurar um posto de saúde. Caso a lesão seja pequena, o médico irá recomendar uma pomada a base de corticóide, produto de alto poder antiinflamatório, para ser aplicada na ferida. Outra opção é a aplicação de corticóide via oral. Em casos mais graves, o paciente recebe soro antilexoscélico e permanece um período em observação.

Conselhos

Para evitar o contato com a aranha-marrom, os profissionais da área médica aconselham as pessoas a sempre manterem ambientes limpos em casa, verificarem roupas e sapatos antes de vestir, passarem aspirador de pó nos cantos das paredes e móveis, verificarem toalhas de banho e evitarem o acúmulo de livros, papéis e caixas de papelão.

Treinamento específico

Cintia Végas

Segundo a Prefeitura de Curitiba, médicos e enfermeiros de unidades de saúde 24 horas estão passando por um treinamento e se qualificando para atenderem casos graves de picada de aranha- marrom. A partir do mês que vem, os profissionais vão poder atender pacientes em estado grave, cuja picada tenha ocorrido até 36 horas antes do atendimento, período em que o soro antiloxoscélico, que bloqueia o veneno da aranha-marrom, funciona.

Mais tarde, cerca de 450 profissionais das unidades básicas de saúde também irão passar pelo treinamento. Eles atenderão pacientes em estado leve ou moderado, que, além de serem medicados, deverão ser reavaliados nos dois dias subseqüentes (nos casos leves) e por cinco dias (nos casos moderados).

O Centro de Controle de Envenenamento do Hospital de Clínicas ficará responsável pelos atendimentos de casos graves que ocorram 36 horas depois do momento da picada.

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