A Escola Paranaense de Aviação (EPA), em Curitiba, começa a operar, no início do ano que vem, dois simuladores de vôo das aeronaves Bandeirantes e Brasília, fabricadas pela Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. (Embraer) e utilizadas por companhias do mundo todo. Ontem, a escola recebeu o diploma de certificação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para o funcionamento do novo centro de treinamento, que já aguarda uma delegação de pilotos da África logo para o início das operações. Os simuladores são capazes de reproduzir sensações reais vivenciadas no cockpit (ou cabine do avião) e garantem economia e segurança no treinamento dos pilotos.
O simulador de vôo do modelo Embraer 110 (mais conhecido como Bandeirante), sediado agora na EPA, é o único do mundo; já o Embraer 120 (Brasília), o único existente na América Latina. Os equipamentos foram repassados à escola após uma concorrência pública envolvendo outras 14 instituições nacionais e estrangeiras, tornando o centro de treinamento em Curitiba o sexto no Brasil a funcionar nesses moldes e o primeiro fora do eixo Rio – São Paulo. ?Simuladores do mesmo gênero, hoje, há somente nos Estados Unidos, Europa e na Austrália, ainda em fase de montagem?, afirma o assessor de treinamento da EPA e especialista em aviação João Carlos Mattioda.
Todas as equipes que operam as aeronaves na América Latina, África, Oriente Médio e Oceania virão a Curitiba para treinamentos periódicos – os pilotos fazem uma reciclagem anualmente. Isso sem contar profissionais em fase de formação. A grande vantagem, explica Mattioda, é a economia de custos para as empresas treinarem seus pilotos. ?Uma hora de vôo em um avião de grande porte, como um jato, por exemplo, custa em torno de US$ 10 mil. O mesmo treinamento no simulador pode sair por US$ 500?, compara.
Quanto à qualidade do treino, o especialista garante que é a mesma proporcionada em uma aeronave real. ?Reproduzem fielmente todos os movimentos do avião, induzindo o piloto às mesmas sensações que teria caso estivesse voando.? Prova disso são os comandos, idênticos ao do avião real, e a forma como são construídos os equipamentos, com eixos de sustentação móveis. ?O piloto tem inclusive de usar cinto de segurança durante o treinamento porque pode-se reproduzir turbulências ou mudanças bruscas de altitude?, exemplifica Mattioda.
A EPA já contabiliza contatos com 50 empresas mundo afora que utilizam o Bandeirante e o Brasília. A expectativa é de ampla utilização – conforme dados da Embraer, os simuladores chegavam a operar cerca de 2 mil horas/ano quando estavam na sede da empresa, em São José dos Campos. A montagem dos equipamentos deve ser concluída em meados do mês que vem e, em janeiro, chegam as primeiras equipes para treinamento.