As associações médicas Brasileira (AMB) e do Paraná (AMP) informaram ontem que vão consultar seus departamentos jurídicos sobre o que pode ser feito contra a abertura de novas escolas de Medicina no País. Representante das duas entidades se dizem bastante indignados com a autorização de funcionamento do curso de Medicina da entidade Assis Gurgacz, em Cascavel, na região Oeste do Estado.
?Essa nova escola médica não possui hospital universitário, ambulatório, centro cirúrgico e unidades de emergência. Acho que os pais, que sonham em ver seus filhos estudando Medicina, devem pensar cuidadosamente antes de investir nas mensalidades (que custam no mínimo R$ 2 mil) de instituições como essa. É preciso pensar no que os estudantes vão aprender e nos riscos que eles, mal qualificados, trarão futuramente à saúde da população?, afirma o presidente da AMB, José Luiz Gomes do Amaral.
No Brasil, existem 175 escolas de Medicina (sete no Paraná). Em número de estabelecimentos, o País só perde para a Índia, que tem 270. Fica na frente da China, com 150, e dos Estados Unidos, com 126. No Brasil, estão em atividade cerca de 320 mil médicos. Cerca de 17 mil no Paraná, número considerado muito acima das possibilidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Por tudo isso, segundo o presidente e o ex-presidente da AMP, José Fernando Macedo e Antônio Celso Nunes Nassif, respectivamente, no Brasil não existe necessidade social de novas escolas de Medicina. ?O mercantilismo tomou conta do ensino superior brasileiro e vem afetando de maneira gravíssima o ensino da Medicina. Nos Estados Unidos e no Canadá, por exemplo, são feitos estudos para se analisar a necessidade da abertura de novas escolas, o que não acontece no Brasil. Por aqui, os médicos também terminam a faculdade, se registram e passam a exercer o que aprenderam. Se não recebem qualificação, passam a ser médicos desqualificados?, diz Macedo.
Na opinião de todos, para melhorar a qualidade do ensino de Medicina no País, ao invés de se abrir novas escolas, deveria-se investir na qualidade das já existentes, no estímulo à concorrência entre as instituições, na disponibilização de residências médicas -sendo que cerca de 50% dos médicos brasileiros deixam de passar por período de residência – e cursos de especialização. Além disso, ?é preciso investir em um plano e carreiras para médicos dentro do SUS, o que incentivaria os profissionais a atuarem em cidades do interior?, diz José Luiz.
De 1998 para cá, 75 novas escolas de Medicina foram abertas em território nacional. Dessas, 68 são particulares.