Representantes de entidades rurais e empresários da região oeste do Estado fizeram ontem uma visita à fazenda experimental da multinacional Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste, próximo a Cascavel. A posse da área foi recentemente reintegrada à empresa, depois da saída das cerca de 70 famílias da Via Campesina que estavam acampadas no local desde março do ano passado. Segundo o presidente da Sociedade Rural do Oeste (SRO), Alessandro Meneghel, o que se constatou nas terras foi um cenário de destruição e roubo de diversos pertences da empresa, mas a Via Campesina nega os prejuízos relatados.
?Toda a parte de genética da empresa foi destruída. Sementes foram roubadas, arquivos e laboratórios destruídos, quebraram equipamentos, vidros, roubaram motores, aparelhos de ar-condicionado e parte do sistema elétrico?, acusa Meneghel. ?Isso sem contar os campos de experimento, que foram transformados em plantação de mandioca. Virou uma verdadeira favela rural?, definiu.
O gerente de relações institucionais da Syngenta, Guilherme Landgraf, diz que os principais prejuízos foram causados ao meio ambiente, já que árvores nativas teriam sido cortadas. ?Aguardamos laudo do Ibama que caracterizará esses danos. Quanto aos prejuízos materiais, ainda estamos apurando e avaliando os mecanismos legais que teremos para validarmos nossos direitos.?
Os sem terra negam os danos relatados. Alegam que todo o material foi retirado do local pela empresa, informação desmentida pela Syngenta; afirmam ainda que não destruíram bens materiais ou estruturas, apenas plantaram lavouras de subsistência. Admitem o corte de árvores, justificando que era para fazer casas. A Via Campesina relata ainda ameaças e provocações por parte de seguranças armados contratados pela empresa contra os sem terra instalados no assentamento ao lado da fazenda, mas a empresa também nega.
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