Mesmo usando as novas tecnologias, como softwares e internet, a educação no Brasil ainda não conseguiu se livrar da forma tradicional de ensinar. Este é um dos assuntos discutidos no seminário “Educação, saúde e inclusão: uma proposta de humanização”, que começou ontem e vai até amanhã, reunindo cerca de duzentos profissionais, em Curitiba.
Segundo a professora Patrícia Lupion Torres, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná, que é doutora em mídia e conhecimento, na maioria das escolas as novas tecnologias estão sendo usadas apenas para a reprodução do conhecimento e não para a sua construção. Ela afirma que o professor ainda adota a postura de “dono do conhecimento” que despeja o que sabe sobre os alunos. “O aluno lê e responde exercícios igual ao que era antes”, diz.
Ela explica que os educadores deveriam estar preocupados em formar alunos críticos, capazes de construir o próprio conhecimento e a pesquisa seria um instrumento valioso, já que o procedimento pode proporcionar a interação e a troca de experiências entre os alunos.
O professor Rubens Portugal, do Instituto Rubens Portugal, partilha a mesma opinião. Para ele a educação deve ser trabalhada por meio de projetos, para que as disciplinas não fiquem fragmentadas. “O aluno fica desestimulado, pois não consegue juntar as peças do quebra-cabeça”, afirma. Mas, segundo ele, nos últimos 10 anos a escola pública começou a repensar esta prática, no entanto o resultado ainda não é visto porque não houve tempo para preparar os professores.
Ele assinala ainda que as escolas particulares estão mais atrasadas nesta questão e as classifica como amestradoras de candidatos para participar do vestibular. Diz ainda que para elas a mudança se torna mais difícil, porque sofrem pressão por parte dos pais e do próprio sistema, que tem medo das alterações.
No seminário também serão discutidos os novos campos que se abriram para os pedagogos nos últimos anos, como trabalho em empresas e hospitais. O seminário é promovido pela PUC e tem apoio do Grupo Paulo Pimentel.