A partir do ano que vem, o Ministério da Educação (MEC) quer ampliar o ensino fundamental brasileiro para nove anos, fazendo com que as crianças de seis anos comecem a freqüentar a 1.ª série. O objetivo da ampliação, segundo o MEC, é assegurar aos alunos um período mais longo de convívio escolar e oferecer nova estrutura de conteúdos que possibilite uma aprendizagem mais ampla. Mas de acordo com a diretora de Ensino Fundamental da Secretaria Municipal de Educação (SME), Nara Salamunis, em Curitiba os efeitos da mudança não devem ser muito percebidos.
Isso porque desde que adotou o sistema de ciclos – chamados pela SME de Ciclos de Aprendizagem – a cidade iniciou o atendimento das crianças da pré-escola no ensino fundamental. O sistema, que evita a reprovação de alunos e propõe um processo continuado de aprendizagem, foi implantado na rede municipal da cidade no segundo semestre de 1999. ?É mínimo o número de crianças de sete anos atendidas ao que eqüivale à antiga 1.ª série. A maioria já inicia aos seis anos?, afirma a diretora. ?A mudança que o MEC vai exigir no próximo ano não será mais que burocrática?, acrescenta.
A diretora conta que a experiência está sendo muito bem- sucedida em Curitiba. ?O aluno de seis anos tem uma vivacidade muito maior do que as crianças de dez anos atrás.? Salamunis diz que o número de crianças com dificuldade na escolarização diminui e que o restante da vida acadêmica é beneficiada com o início prematuro. ?O ideal é que a escolarização começasse aos quatro anos de idade, como acontece em alguns países.? Ressalta também que o respeito a um número máximo de alunos por sala (25), é imprescindível para o sucesso dos ciclos, principalmente com alunos menores.
A mudança respeita também o desenvolvimento, o nível social e de inserção das crianças, ainda mais por se tratar de alunos da rede pública. ?O currículo é retrabalhado para ter mais atividades lúdicas, além de termos a preocupação de trazer informações do mundo real. Assim contribuímos para o desenvolvimento corporal e emocional do aluno. A escola para eles precisa ter significado social e pessoal?, explica.
Salamunis acredita que a mudança no ensino fundamental precisa ser muito bem orientada, para que não pareça uma imposição arbitrária. ?Se o pai antes podia optar, agora ele será obrigado a matricular a criança aos seis anos. E para isso, ele precisa de orientação.? Para a diretora, a melhor forma dessa mudança ser suave, é explicar que, além de ser uma inclusão social da criança, um maior nível de escolaridade irá ampliar a chance dos alunos no mercado de trabalho. ?O que deve ficar claro é que essa mudança só tem a contribuir?, diz.