A obra de revitalização da orla e alargamento da faixa de areia de Matinhos, autorizada na semana passada pelo governador Beto Richa, por si só, não deve sanar definitivamente os problemas do local. Quem garante é o professor Eduardo Gobbi, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Segundo o doutor em Engenharia Oceânica, que liderou o projeto original de 1993 – e que hoje serve como base para o plano atual – a obra vai exigir constante monitoramento e manutenção, sob pena de se perder ao longo dos anos ou causar danos em outras localidades. Há três décadas o assunto gera polêmica, e os efeitos do mar são cada vez mais sentidos na região.
Em entrevista para a Gazeta do Povo, Gobbi reafirma sua crença na obra, mas faz algumas ressalvas. “Se fizermos estruturas muito longas para segurar a areia, correremos o risco de causar erosão futuramente ao norte do litoral. Então, ocasionalmente teremos de repor areia, não é uma obra que faz e esquece. O monitoramento terá de ser permanentemente”, destacou o professor.
As intervenções que serão feitas são a reposição de 1,7 milhão de metros cúbicos de areia, implantação de duas estruturas com geotubos (sacos cheios de argamassa), revestimento de pedras, colocação de barreira artificial para isolar as águas de chuva e colocação de uma estrutura chamada de espigão ou headland (que retém a areia na praia por mais tempo), ao custo de R$ 300 milhões. Assim, a expectativa é que a praia sofra menos com os danos causados pela variação de marés. “A praia de Matinhos poderá continuar perdendo areia depois da obra, apesar de ser em ritmo bem menor”, afirmou Gobbi.
Gobbi afirma que a obra ajudaria a reverter parte do dano causado pela ocupação da faixa litorânea, por isso a esperança em seu sucesso. “Houve uma ocupação inadequada. Houve muita interferência na costa e essas interferências acabam se refletindo no litoral paranaense”, sentenciou.