Encontro debate preocupações dos portadores de HIV

A perspectiva de mudança de governo gera insegurança a quem vive com HIV no Brasil. O temor é de que, com a entrada de novos gestores federais e estaduais no próximo dia primeiro de janeiro, as políticas públicas voltadas ao tratamento e à prevenção da aids sofram alterações negativas e sejam deixadas em segundo plano. O assunto é um dos temas em discussão no 4.º Encontro de Pessoas Vivendo com HIV e Aids da Região Sul do Brasil, que está ocorrendo neste final de semana, em Curitiba, sob coordenação da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids (RNP) e com a participação de pessoas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Segundo o integrante da RNP de Cascavel e um dos coordenadores do evento, Elson Gomes, atualmente existem no País 430 mil pessoas com diagnóstico do vírus da aids confirmado – para cada caso, a suspeita é de que existam outros cinco ainda não detectados. Dessas, 300 mil necessitam fazer uso diário de um coquetel de medicamentos fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que atua na destruição da carga viral. ?O coquetel de medicamentos é fornecido pelo governo federal. Aos estados cabe a disponibilização de medicamentos para infecções oportunas que vitimizam quem vive com HIV. Porém, em muitas regiões do País o tratamento não é oferecido de forma eficaz, havendo falta de medicamentos. O medo é de que, com as mudanças de governo, a situação fique ainda pior e os financiamentos destinados ao controle e à prevenção da aids sejam ainda mais reduzidos?, diz.

Os medicamentos voltados ao tratamento da doença são considerados caros, podendo custar até US$ 2,5 mil mensais, dependendo das substâncias utilizadas pelos pacientes. Por isso, de acordo com Elson, 95% das pessoas que vivem com HIV não têm condições de adquiri-los por conta própria. ?Seguir à risca o tratamento é crucial para quem tem o vírus da aids. Não se pode ingerir os medicamentos nem mesmo com uma hora de atraso, sob risco de haver  falhas terapêuticas. Por isso, se os mesmos começarem a faltar ainda mais, os prejuízos à saúde de quem vive com HIV podem ser imensos.?

Outra preocupação diz respeito ao combate dos efeitos colaterais provocados pelo coquetel de medicamentos para destruição da carga viral, como lipodistrofia (afinamento de pernas e braços e acúmulo de gordura no abdômen e nas costas) e lipoatrofia facial (perda de gordura na região da face). ?A marca da aids está nos efeitos colaterais dos medicamentos, que fazem com que os pacientes fiquem com uma aparência estranha.?

Do encontro na capital paranaense deve resultar uma carta com propostas voltadas à melhoria da qualidade de vida de quem vive o com HIV. O documento deve ser entregue aos governos federal e estaduais. 

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