Encontro debate ações antidroga

O modelo policialesco e repressor de combate ao uso de drogas não deu certo no passado e hoje está sendo recusado pelo poder público. Mas, segundo especialistas,também a liberalidade não é a mais indicada, pois o jovem precisa de limites. Diante desse dilema, o médico Fernando Sielski, especialista em psiquiatria e prevenção e tratamento de dependência química, propõe um modelo intermediário que informe, desde a infância, que as drogas dão prazer, mas que em contrapartida trazem estragos, sofrimento e dependência. Esta visão já é defendida pelo governo, conforme demonstrado ontem pelo secretário da Segurança, Justiça e Cidadania, José Tavares, durante a abertura da 4.ª Semana Nacional de Prevenção e VII Semana Estadual de Prevenção ao Abuso de Drogas, no plenarinho da Assembléia Legislativa, em Curitiba.

O evento, que prossegue até o dia 28, tem por objetivo discutir com a comunidade a prevenção do uso indevido de entorpecentes lícitos e ilícitos e promover a vida. Representantes de instituições governamentais e não governamentais participaram da abertura da Semana, quando o médico Fernando Sielski falou sobre como identificar, abordar e ajudar uma pessoa envolvida com drogas. Segundo ele, a grande dificuldade é a pessoa usar a droga de forma responsável, sem cair no campo da dependência. O adolescente é hoje uma das principais vítimas das drogas, mas elas já devem ser motivo de preocupação na infância, assim que a criança entra na escola. “Os pais e a escola devem estar preparados para passar uma informação qualificada, para que desde criança se conheça os dois vértices da drogas: a do prazer e do sofrimento”. Para o médico, a informação e a participação da sociedade são fundamentais no processo preventivo de combate à drogas e de integrar o jovem nesta batalha.

Drogas lícitas

O trabalho de prevenção deve passar por várias ações, algumas das quais integram a Semana Estadual de Prevenção ao Uso de Drogas, com atividades em escolas e empresas, assistência aos pais e aos usuários e, principalmente, muita informação. As drogas lícitas devem ser motivo de preocupação tanto quanto as ilícitas, pois segundo Sielski, elas são as precursoras da maconha, cocaína e do crack. O médico explica que é natural que na adolescência ocorra o “batismo do álcool”, mas é preciso que este jovem esteja preparado para ter uma atitude responsável e consciente para dizer não ao vício. De acordo com o especialista, pesquisas do Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas (Cebrid) mostram que a droga mais usada é o álcool (60%) e depois o tabaco (35%). “As drogas legais devem ser mais restringidas em termos de propaganda”, sugere.

Segundo o médico, o perfil das pessoas atendidas em clínicas também tem mudado. Deixou de ser o adulto que bebia e passou para o jovem que usa maconha – droga mais usada na região Sul. Mas Curitiba, diz ele, tem uma particularidade: o aumento de usuários do crack e não apenas nas periferias, mas entre pessoas com condições financeiras estáveis.

Na 4.ª Semana Nacional de Prevenção e VII Semana Estadual de Prevenção ao Abuso de Drogas integra, além de palestras, teleconferências (via satélite, no canal 24 do Brasilsat), estão ocorrendo atividades informativas e educativas nas Ruas da Cidadania. De acordo com a diretora geral da Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania, Mara Catarina Mesquita Lopes Leite, coordenadora do evento, também está sendo organizado um treinamento de guardas municipais e policiais militares para que realizem um abordagem preventiva. (Joseane Martins)

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