Até agora foram encontrados 192 processos adulterados no serviço de habilitação de condutores na Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Guaraniaçu, região oeste do Estado. Mas segundo o chefe da Coordenadoria de Inteligência e Auditoria do Detran, Miguel Krainski, o número deve subir à medida que as investigações feitas em conjunto com o Ministério Público (MP) avançarem. Os centros de formação de condutores da cidade também podem estar envolvidos. Na última segunda-feira, quatro pessoas foram presas e vários documentos apreendidos.
Segundo Miguel, no ano passado o Detran recebeu as denúncias de irregularidades na Ciretran de Guaraniaçu e a coordenadoria começou a investigação. Os técnicos conseguiram comprovar que houve adulteração de resultados ao comparar os gabaritos das provas feitas pelos candidatos ao que estava registrado nos sistemas da Ciretran. As fraudes foram cometidas nos exames psicológicos, teórico técnico, prático de direção e até de exames médicos.
Pelo menos 192 pessoas podem ter conseguido o documento indevidamente. Elas pagaram propinas para os envolvidos no esquema. Segundo Krainski, há relatos de pessoas que pagaram R$ 600 e outras afirmam que chegaram a desembolsar R$ 1.800. Algumas pessoas nem eram de Guaraniaçu. Elas reprovavam oito vezes em outras cidades e, sabendo do esquema, migravam para a cidade.
Para Krainski, os centros de formação de condutores podem estar envolvidos ou pelo menos tinham conhecimento da situação. ?Há fortes indícios de que eles participaram?, afirma. Ele diz que foi verificado que muitos candidatos a motorista não tinham feito nem as aulas obrigatórias de conteúdo prático e teórico.
O chefe da coordenadoria disse ainda que o Detran se colocou à disposição do MP para ajudar nas investigações. Há também indícios que na cidade também ocorriam fraudes em relação à cobrança de taxas para o licenciamento de veículos e transferências.
Ontem o promotor, Felipe Lamarão de Paula Soares, ouviu várias pessoas envolvidas no caso. Na próxima semana ele pretende oferecer denúncia à Justiça.