O dia de ontem foi marcado por protestos nos bairros localizados entre os municípios de Curitiba e Colombo, onde as chuvas arrasaram casas e ruas durante a noite de segunda-feira. Entre as regiões mais atingidas estavam os bairros de Olaria, onde durante a manhã moradores atearam fogo na ponte sobre o Rio Atuba, impedindo o trânsito por uma hora; e o Jardim Califórnia, região do Santa Cândida, local em que parte da comunidade protestou, na tarde de ontem, fechando a Rodovia da Uva com destroços de móveis e objetos estragados pela água.
Na Rua Pedro Gonchi, a mais atingida no Olaria por conta da proximidade com o Rio Atuba, o morador Carlos Maciel justificava o protesto alegando falta de atenção das autoridades competentes quando a água começou a subir. ?A rua toda ficou coberta pela enxurrada e não tinha nenhum bombeiro ou policial aqui para nos ajudar. Só apareceram hoje (ontem) cedo?, reclamava. Afora o desespero que tomou conta dos moradores, os prejuízos ficaram expostos durante o dia. ?Perdi móveis, lençóis, colchões, alimentos. Está difícil até de limpar a casa?, desabafava a dona de casa Margarida Lopes.
Baseado no relato dos moradores, o tenente Eduardo Gomes Pinheiro, da coordenadoria da Defesa Civil estadual, tentava ajudar as famílias. ?Infelizmente prevemos que, se houver uma chuva de mesma intensidade, isso pode se repetir. As pessoas devem estar atentas e, caso o nível da água comece a subir, devem deixar suas casas imediatamente?, avisava. A Prefeitura de Colombo e a Defesa Civil providenciaram colchões e alimentos para a população, disponibilizando também uma escola para abrigar quem não tinha como dormir em casa. A estimativa da Defesa Civil era de que, somente naquele bairro, 150 famílias teriam perdido praticamente tudo. Em toda a cidade de Colombo, acredita-se que 1,2 mil pessoas sofreram as conseqüências da chuva, incluindo os bairros Jardim Camargo, Jardim Jalisco, região do Atuba e Vila Guaraci – nesta última pode haver risco de deslizamentos e a Defesa Civil deve providenciar avaliação técnica para averiguar necessidade de retirar os moradores das casas.
Mais protestos
Por volta das 17h, mais um protesto, dessa vez dos moradores do Jardim Califórnia, a região mais prejudicada em Curitiba, fechou a Rodovia da Uva quase na divisa com Colombo. Eles recolheram os entulhos e fecharam a pista, ateando fogo aos objetos e impedindo a passagem de veículos nos dois lados da via. ?A Prefeitura começou a mexer, mas logo o pessoal foi embora. Enquanto não arrumarem isso, a gente vai deixar a rodovia fechada?, protestava o pedreiro Edésio da Silva, à frente da manifestação. Crianças também participavam do protesto. Enquanto colocava os objetos na via, o garoto Peterson Timóteo, de 11 anos, contava que tinha sido salvo da enxurrada por um morador. ?Estava quase me afogando?.
Na região do Santa Cândida, as moradias Jardim Aliança e Cruzeiro do Sul também sofreram alagamentos. Em toda Curitiba, ocorrências foram registradas ainda no Jardim das Américas, Jardim Mercúrio e Jardim Alvorada. No total, foram 94 registros na capital, referentes a alagamentos e quedas de árvores.
Assoreamentos de rios causa alagamentos
Além da quantidade de chuva que caiu sobre Curitiba e Região Metropolitana na noite de segunda-feira – o volume de água chegou a 29,4 milímetros, o equivalente a 20% das chuvas previstas para o todo o mês, segundo o Instituto Tecnológico Simepar -, as prefeituras de Curitiba e Colombo atribuem os alagamentos ao assoreamento de rios e excesso de lixo jogado nos córregos que cortam as áreas atingidas.
A Prefeitura de Colombo informou que máquinas trabalharam durante todo o dia de ontem para retirar entulhos deixados pela enxurrada. A Defesa Civil passou a noite de plantão para que, no caso de mais chuvas, moradores fossem atendidos e abrigados em um colégio da região do Olaria.
Em Curitiba, a Prefeitura informou que está dando assistência às famílias atingidas por meio da Fundação de Ação Social (FAS) e disponibilizando equipes para atendimentos emergenciais. No Jardim Califórnia, onde houve o protesto, a Prefeitura afirmou ter mantido máquinas sugadoras trabalhando o dia todo. A Prefeitura informou ainda que em breve irá reconstruir as manilhas do bairro, que constantemente entopem, causando os alagamentos. (LM)
