Para cumprir a decisão da Justiça que acaba com a dupla função de motorista e cobrador no transporte público de Curitiba, as empresas de ônibus querem que a tarifa seja paga exclusivamente com o cartão transpote nas linhas afetadas. Assim, nos 160 micro-ônibus que circulam pela cidade, não haveria mais o pagamento em dinheiro, que hoje é recolhido pelos motoristas.
O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) divulgou nota ontem informando que foi notificada da decisão judicial e que irá recorrer. Para evitar o acúmulo de funções enquanto a proibição vigorar, o sindicato patronal enviou ofício à Urbanização de Curitiba (Urbs) sugerindo a mudança no pagamento da tarifa nos micro-ônibus.
Para que a medida entre em vigor, seriam necessários ajustes na estrutura de venda de cartões existente na Rede Integrada de Transporte (RIT), com ampliação significativa nos pontos de venda. O Setransp diz que incentiva o uso de cartões transporte para diminuir a circulação de dinheiro dentro dos ônibus.
Em relação aos assaltos, o sindicato afirma que é obedecida a convenção coletiva da categoria, que obriga o cobrador a depositar no cofre existente no veículo todo o valor que ultrapasse o total de 30 passagens. O acordo também estabelece que os funcionários que não realizarem os procedimentos necessários (comunicar a polícia, fazer o registro do evento na empresa e boletim de ocorrência), têm que ressarcir às empresas a quantia que ultrapasse o valor equivalente a 30 passagens.
Em estudo
A Urbs informa que recebeu e vai analisar a sugestão do Setransp e que já existem estudos para ampliar os pontos de carga dos cartões transporte. Lembra também que os ônibus em que a passagem é cobrada pelo motorista transportam em média 26 passageiros por viagem, e destes, só dez pagam em dinheiro. Segundo a Urbs, a mudança da chamada dupla função cria uma despesa inicial de quase R$ 2 milhões para adaptação dos veículos e R$ 1,1 milhão mensal para pagamento de salários.