Um funcionário do transporte público, que procurou o Paraná Online e pediu para não ser identificado, presenciou uma ação conjunta entre um membro do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região (Sindimoc) e um chefe de tráfego da empresa Transporte Coletivo Glória. De acordo com o motorista, as empresas estariam apoiando a paralisação e facilitando o bloqueio das saídas de ônibus das garagens.
O motorista afirma que mesmo com a determinação de 50% da frota em horários de pico, no máximo 30% dos veículos conseguiram sair das garagens na manhã de quinta-feira (27). De acordo com a Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), no começo da tarde, ao menos duas empresas de ônibus – Almirante Tamandaré e Piraquara – não possuíam a frota mínima exigida pela Justiça circulando nas ruas. Nessas garagens os ônibus permaneceram bloqueados por outros veículos.
Segundo o denunciante, o bloqueio das garagens ocorreu por meio de um entendimento entre chefes e patrões. Ele diz ter testemunhado o momento quando um chefe dos motoristas da empresa Glória conversava com um dos delegados de base do Sindimoc. Logo após, o sindicalista, que também é motorista da empresa, manobrou um ônibus biarticulado para impedir a saída de outros veículos, a pedido do chefe de tráfego. O funcionário que fez a denúncia conta que apenas conseguiu trabalhar porque pegou um veículo que já estava fora da garagem.
O Sindimoc diz que os trabalhadores que estão agindo de maneira desordeira não receberam nenhuma instrução do sindicato. Segundo o Sindimoc, as depredações de ônibus e os bloqueios das garagens podem inclusive resultar em penalizações internas para os trabalhadores.
O gerente operacional da Transporte Coletivo Glória, Gelson Forlin, negou com veemência que o chefe de tráfego da empresa tenha participado de qualquer ação de bloqueio da saída da garagem. “Estou na empresa desde 4h30 da manhã e todos os dias temos nos esforçado para conseguir colocar nas ruas o número de ônibus determinado pela Justiça”, declarou. Gelson ainda afirmou que são representantes do sindicato dos trabalhadores que colocam os ônibus para bloquear o portão e que de nenhuma forma os patrões estão desrespeitando a Lei. “Hoje, inclusive, deixamos sair um ônibus a mais do mínimo exigido pela Justiça e o pessoal do sindicato dos trabalhadores já ficou irritado”, explicou.
A Urbs informou que a prefeitura recebeu denúncias sobre uma conluio entre os sindicatos patronais e dos trabalhadores. Segundo a prefeitura, todas as provas sobre uma possível ação conjunta entre os sindicatos para deflagração da greve do ônibus estão sendo encaminhadas à Justiça.