Seria um fiasco!

Empresários temem calote caso Curitiba saia da Copa

Com a agenda da rede hoteleira e dos bares cheia, Curitiba corre o risco de queimar o filme internacionalmente, caso até o dia 18 de fevereiro se confirme a possibilidade da Arena da Baixada ficar de fora da rota dos jogos da Copa do Mundo. Empresários se queixam da incompetência do poder público e nem conseguem calcular o tamanho do prejuízo que a exclusão da cidade do Mundial traria para os negócios.

Desde o final de 2008, quando apenas se especulava que Curitiba seria uma das cidades sede a receber a Copa, alguns hotéis e bares já começaram a investir. “Se Curitiba realmente deixar de ser sede a cidade passará por um fiasco sem proporções. Só o anuncio da possibilidade da cidade ficar de fora já está ajudando a acabar com a imagem de cidade modelo que levou tanto tempo para construir”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Paraná (Abih-PR), Henrique Lenz César Filho.

Durante esses cinco anos, desde o anúncio das cidades sede, foram mais de 20 reuniões entre membros da Abih e a Fifa, para definir as adequações que os hotéis deveriam sofrer. Todo investimento foi custeado pelos próprios empresários. “Em nossa área trabalhamos em cima das previsões. A agenda para julho desse ano foi destinada para atender o movimento que a Copa iria trazer. Para isso, além de investir, deixamos de receber reservas de grupos para esse mês que não fossem referentes ao Mundial”, explica Henrique.

Para o presidente da Abih, os hotéis já fizeram sua parte. “Hoje posso dizer que estamos prontíssimos. E se os jogos começassem amanhã já estaríamos aptos para receber todos os turistas, delegações e torcedores com segurança, conforto e comodidade”, disse Henrique. De acordo com ele, a principal exigência que a Fifa fez foi em relação à proteção reforçada no sistema de segurança de dados na internet dos hotéis. “Investimos muito, agora espero que não tirem a cereja do nosso bolo”, brinca.

Conta salgada

Para os empresários da rede de bares de Curitiba, a exclusão traria uma conta salgada. Apenas o grupo de bares Taj investiu R$ 5,5 milhões na reforma e na construção de bares. Somado a essa conta está o investimento de aproximadamente R$ 60 mil com a qualificação de funcionários.

Para os empresários o prejuízo seria alto, mas eles ainda preferem pensar aguardar a questão. “Fizemos diversas reformas e até estamos inaugurando um novo estabelecimento de luxo, já trabalhado com a previsão de que a cidade necessitaria de mais opções pelo movimento que o Mundial traria para a cidade”, conta um dos sócios do bar Taj, Giocondo Villanova Artigas Neto.

Para evitar pensar no embaraço que seria a exclusão de Curitiba do Mundial, a palavra que vigora para os empresários é otimismo. “Nos próximos dias estaremos lançando uma campanha nas redes sociais em apoio a Copa. O trabalho pesado, que era se preparar, já fizemos. Não é justo que os empresários sejam punidos pela lentidão do poder público”, critica o presidente da Associação de Bares e Casas Noturnas do Paraná (Abrabar-PR), Fabio Aguayo.

Contrários se mobilizam

Esta marcado para amanhã o primeiro ato contra a realização da Copa em Curitiba. De acordo com os apoiadores do evento, que está sendo divulgado pelas redes sociais, a manifestação pretende chamar a atenção da população para o dinheiro público despendido para a realização do Mundial.

Segundo usuários das redes sociais que alimentam a página do evento, o curitibano é muito acomodado. “As pessoas aqui nunca se revoltam. No ano passado mesmo, o governo do Estado gastou abaixo do exigido por lei em educação e saúde, ao mesmo tempo e,m que os repasses para as obras dos jogos só aumentam em função dos atrasos”, disse um dos organizadores, que preferiu se identificar apenas como “Anti”.

Um dos atualizadores da página “Não vai ter copa – Curitiba”, criada no Facebbook, “Anti” defende que a Fifa teria alterado as prioridades do país. “Acredito que seja difícil para qualquer governante explicar que em uma cidade onde as viaturas da polícia não possuem gasolina para rodar, ainda existe verba para injetar em um torneio de futebol”, afirma.

Atos contra a Copa estão previstos para diversas capitais brasileiras amanhã. Em Curitiba, a manifestação está marcada para as 17h, na Boca Maldita.

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