Transporte público

Empresários dizem não ter dinheiro para o 13.º e ameaçam demitir 2 mil motoristas e cobradores

O fim de 2015 deve ser de caos pro sistema de transporte público em Curitiba e região metropolitana. Os empresários do setor enviaram ontem ofício ao Sindicato dos Motoristas e Cobradores de ânibus (Sindimoc) em que informaram que terão que demitir cerca de 2 mil funcionários nos próximos meses e não ter dinheiro pra pagar o 13.º salário deste ano.

O Sindimoc deve discutir um indicativo de greve, em duas assembleias marcadas pra hoje, às 9h e às 15h. A paralisação pode começar na próxima terça-feira.

A situação foi informada pelo sindicato patronal (Setransp) em dois ofícios, um enviado à Urbs, responsável pelo transporte em Curitiba, e outro à Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), que gerencia o transporte metropolitano.

As empresas reivindicam uma negociação a ser realizada “de forma imediata e conjunta”. Caso contrário, a falta de pagamento poderia se repetir na segunda parcela do 13.º e nos salários de dezembro e janeiro, “perdurando até a negociação coletiva”, que começa em fevereiro de 2016.

As empresas têm pressionado a prefeitura a ampliar o valor da tarifa técnica. No fim de setembro, a Urbs fixou a tarifa técnica de 2015 em R$ 3,21. Os empresários pediam o valor de R$ 3,40 e chegaram a levar a questão à Justiça, que negou o pedido.

Curitiba conta hoje com uma frota de 1.368 ônibus e o sistema é operado por cerca de 16 mil empregados entre motoristas e cobradores. Ontem, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) estava reunido com o presidente da Urbs, Roberto Gregório Junior, pra discutir o problema.
Os ofícios mandados pelo Setransp ao Sindimoc também citam as linhas metropolitanas administradas pela Coordenação da Região Metropolitana, a Comec. Procurado, o órgão se limitou a dizer que ainda não foi informado oficialmente do risco de não pagamento do 13.º dos motoristas e cobradores.

Natal magro pros trabalhadores

A notícia do não pagamento do 13º salário pegou motoristas e cobradores do transporte publico de surpresa. Os trabalhadores estão preocupados com a falta do complemento na renda no final de ano.

A novidade ameaçou os planos do motorista Márcio Rocha. “Pretendo ampliar minha casa. Sempre pego esse dinheiro pra fazer uma reforma”, conta. Com a primeira parcela prevista pra ser paga na próxima segunda, ele ainda prefere aguardar pra que a notícia se confirme. “Eu sempre entro no horário e cumpro minhas obrigações. Se chegar atrasado, deixo de trabalhar, me envolvo em acidente, desrespeito qualquer regra, terei desconto no salário. É um sistema rígido! Acho que deve valer pros empresários também, pois não se trata de um favor. É um dever deles pagar o valor correto e em dia”, defende.

Pra cobradora Maria Aparecida de Souza, a novidade irá alterar o seu Natal e as festas de réveillon. “Nessa época sempre busco dar um presente pra toda família e amigos, mas apenas com o salário o jeito vai ser apenas fazer uma confraternização mais simples”, afirma.
Já o motorista João Barbosa não teve tanta surpresa. “Durante as outras paralisações deste ano, pela conversa dos empresários já havia está ameaça. Agora com ameaça de demissões também, não sei como ficará. Se tiver cortes, as linhas serão prejudicadas, pois todos operam no limite. E quero ver quem vai trabalhar desanimado, enquanto todos festejam”, diz. (Samuel Bittencourt)

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