Funcionários das secretarias da Saúde e Urbanismo de Curitiba realizaram ontem uma vistoria na sede da empresa SOS Doutor Assessoramento e Agendamento de Serviços Médicos, acusada de cobrar de pacientes de Santa Catarina pela marcação de consultas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na capital paranaense. O objetivo da vistoria era examinar a documentação da empresa e suas instalações. O escritório da empresa foi embargado.
Os funcionários das secretarias chegaram à empresa, localizada no Centro Cívico, às 9h15 da manhã e foram impedidos de entrar. O único funcionário que estava na empresa trancou a porta do local, dizendo que fazia isso sob ordens da proprietária, Regina Gento. O pessoal das secretarias só conseguiu entrar na empresa por volta das 10h20, através de um documento que permitia acesso imediato. “Vamos lavrar um auto por obstáculo à ação de fiscalização”, contou a diretora do Centro de Saúde Ambiental/Vigilância Sanitária, Rosana Zappe.
Ao verificarem o alvará da SOS Doutor, os fiscais da secretaria puderam constatar que o ramo de atividade descrito no documento – “prestações de serviço de escritório e encaminhador de papéis e documentos” -não condizia com o descrito em uma placa fixada fora da empresa, que anunciava serviços médicos. O alvará fornecido para a empresa não permitia o atendimento a pessoas, confirmando a irregularidade do local. O órgão municipal embargou o escritório da empresa, impedindo que ele volte a funcionar.
Confirmação
A Secretaria Municipal da Saúde também informou que alguns pacientes se encontravam no local e confirmaram a denúncia feita na segunda-feira. Eles informaram que estavam em Curitiba para marcar consultas pelo SUS, confrontando a afirmação dada pela proprietária do local Regina Gento.
O secretário municipal de Saúde, Michele Caputo Neto, informou ontem que além da ação realizada pelos fiscais da Vigilância Sanitária e pelos funcionários da secretaria, todos os prestadores do SUS em Curitiba foram notificados sobre o acontecimento. Além disso, o secretário deixou claro que, de forma alguma, um atendimento pode ser realizado ao mesmo tempo pelo SUS e em clínica particular. “Se isso voltar a acontecer, vamos ter prejuízos. É preciso levar a sério o credenciamento do sistema e temos que ter respeito com o cidadão curitibano. Atendemos pessoas de outros municípios, mas devemos preservar o atendimento da população da capital”, destaca.
Michele ainda informou que uma investigação está sendo aberta para apurar 40 pacientes de Santa Catarina que estão cadastrados no sistema de forma irregular. Ele ressaltou que ainda não existem afirmações de que esses pacientes foram agenciados pela empresa SOS Doutor. “Essa empresa irregular é apenas a ponta do problema. Situações semelhantes podem estar acontecendo na cidade e estamos tomando medidas para que isso não ocorra”, completa o secretário.