O termo de cooperação de tecnologia espacial firmado entre Brasil e Ucrânia segue a toda força. Pelo menos foi isso que garantiu o embaixador do país europeu no Brasil, Yurii Bogaievsky, que está em Curitiba para participar de um evento da comunidade ucraniana hoje. Essa relação comercial foi firmada ainda no governo anterior, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso visitou a Ucrânia em janeiro de 2002. O texto sobre o acordo foi aprovado ano passado pelo Congresso Nacional e, no último dia 8, foi promulgado.
No acordo consta a formação de uma empresa binacional para comercializar os lançamentos de satélites, utilizando um centro brasileiro, com um lançador ucraniano. O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, foi o local escolhido para abrigar a nova infra-estrutura. O acordo prevê o lançamento do foguete ucraniano Ciclone-4, no CLA. O local terá dois diretores brasileiros e dois ucranianos, além da divisão de técnicos dos dois países. "Os governos acreditaram nessa proposta e concordaram com a idéia. Agora, estamos iniciando a parte prática desse projeto. O início da infra-estrutura está sendo montada para que os satélites, com alta tecnologia espacial possam ser lançados", disse o embaixador.
Existe a possibilidade de outros países, que também estão crescendo na corrida espacial, como China e Rússia, virem a fazer parte do acordo firmado entre Brasil e Ucrânia e utilizarem a estrutura que está sendo montada. "A Ucrânia já detém uma tecnologia avançada e, com o acordo, o Brasil poderá passar a figurar entre os países de referência no campo espacial", afirmou.
Impasse
O conturbado momento político por que passa a Ucrânia preocupa o embaixador. Ele contou que a população da Ucrânia está impaciente e que as partes envolvidas na questão têm se encontrado para solucionar o impasse. "É de conhecimento de todo o mundo que houve fraude no processo eleitoral. E é do interesse de todos que mantêm contatos com a Ucrânia, que esse isso se resolva, pois a pressão está grande. Independente disso, os acordos internacionais não serão afetados de maneira alguma", ressaltou Yurii.
Os partidos dos dois candidatos à presidência, Viktor Yanukovich, que teria vencido a eleição, e Viktor Yuschenko, da oposição e que pede o cancelamento do processo, também estão se reunindo para chegar a um consenso, destacou o embaixador. "Toda a Ucrânia está fervendo. Infelizmente, alguns membros do novo governo não perceberam que os tempos mudaram e que a democracia é que governa um país. É isso que o povo está cobrando", disse.