Alface, tomate, cenoura, repolho, banana e maracujá orgânicos ? além de vários outras culturas de frutas e hortaliças ? podem fazer parte da merenda escolar de alunos da rede pública de Curitiba e Região Metropolitana. A proposta é da Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), que quer aumentar a produção de orgânicos no Estado e fazer com que o produtor receba mais incentivos. A meta é que o programa entre em vigor até o fim do ano em Colombo, São José dos Pinhais, Araucária e Campo Largo.
De acordo com o coordenador do Programa de Agricultura Orgânica da Emater, agrônomo Iniberto Hamerschmidt, o alimento orgânico apresenta uma série de vantagens sobre o convencional. “É mais nutritivo, conserva-se por mais tempo, tem um sabor mais tenro, agradável e ainda ajuda na conservação do meio ambiente e saúde”, cita Iniberto, lembrando que, em todo o Paraná, apenas o município de Palmeira, a cerca de 70 km de Curitiba, inclui os alimentos orgânicos na merenda escolar. “A Prefeitura de Palmeira fez um contrato com a associação que representa os produtores de orgânicos da região, e os alimentos são mandados diretamente para as escolas e preparados na hora. A criança tem a garantia de um alimento saudável e, bem alimentada, ela estuda melhor.”
Na semana passada, representantes de dezesseis dos 26 municípios da Região Metropolitana estiveram reunidos na Emater para discutir o assunto. Nova reunião foi marcada para o dia 24. De acordo com Iniberto, a dúvida é sobre Curitiba, que não enviou representantes ao encontro. “Em Curitiba, como as merendas escolares são terceirizadas (pela empresa Risotolândia), talvez haja uma certa dificuldade”, acredita Iniberto. Outro obstáculo que poderá surgir diz respeito à licitação. É que como os alimentos orgânicos são mais caros do que os convencionais, corre-se o risco de a mudança não ser aprovada. “A gente espera que se dê mais importância à qualidade do que ao valor”, diz o agrônomo.
Segundo levantamento da Emater, o preço do tomate orgânico pode variar em até 300% em relação ao convencional. “De maneira geral, os alimentos orgânicos são 100% mais caros nos supermercados. Mas nas feiras, a diferença cai para 50%, 40% e até 30%”, ressalva Iniberto. As feiras de produção orgânica acontecem nas manhãs de sábado no Passeio Público e Jardim Botânicos e na terça à noite, no terminal Campina do Siqueira.
Quatro mil produtores
O Paraná é um dos que mais se destaca na produção de orgânicos, lembra Iniberto. São cerca de quatro mil produtores (das 367 mil propriedades do Estado), a maioria familiares, que trabalham em área média de 3,5 hectares. O Paraná produziu na safra 2001/2002, 47.958 toneladas de alimentos orgânicos. Desse total, 4.734 toneladas foram de hortaliças e 5.921 toneladas de frutas. Entre as hortaliças mais produzidas estão o repolho, alface, tomate, pepino, pimentão, abobrinha, couve-flor, cenoura e beterraba. Já entre as frutas, destacam-se a banana, maracujá, goiaba e acerola.