Em quase um ano de pandemia e anúncio das primeiras medidas de enfrentamento contra o novo coronavírus, o Paraná abriu 3.616 leitos exclusivos para pacientes da doença e gastou R$ 163,2 milhões na ampliação da rede hospitalar em todo o Estado.
De acordo com dados da Secretaria Estadual da Saúde, o número de leitos de UTI abertos no período é maior ao que foi criado nos últimos 20 anos no Paraná. A previsão da secretaria é colocar mais 155 leitos em operação nas próximas semanas.
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Os leitos de UTI e enfermaria de todo o Estado são rotativos e a estrutura já foi utilizada por cerca de 55 mil pessoas. “Desde os primeiros casos, tivemos a estratégia de ampliar o atendimento regional e disponibilizamos leitos para todo o Estado. Apostamos em melhorar o que já existia e não abrimos hospitais de campanha, que custam muito e acabam não sendo incorporados à estrutura de saúde”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior.
Apesar de continuar abrindo leitos, o governador alertou que os recursos são finitos. “Os profissionais de saúde trabalharam de maneira árdua ao longo do último ano, está cada vez mais difícil para as equipes da linha de frente”.
Os leitos exclusivos começaram a ser ativados em março do ano passado e foram disponibilizados aos poucos, conforme a demanda. O primeiro anúncio de expansão aconteceu em 26 de março, com a criação de 264 leitos exclusivos. No dia seguinte, já havia 1.192 leitos ativos, incluindo 15 UTIs pediátricas. Até o final daquele mês, o cenário no Paraná era de 185 casos confirmados e apenas três mortes.
Um mês depois, no final de abril, o Estado atingia 1.407 confirmações e 86 óbitos e tinha mais leitos ativos do que pessoas contaminadas: eram 1.704 unidades, sendo 574 UTIs e 1.130 enfermarias adulto e pediátricas.
Em junho, o Governo do Estado deu início a uma nova estratégia de expansão da rede de retaguarda, com a entrega, antes do prazo final, de três hospitais no Interior. Os Hospitais Regionais de Guarapuava, no Centro-Sul; Ivaiporã, no Vale do Ivaí, e de Telêmaco Borba, tiveram suas obras aceleradas e passaram então a fazer o atendimento dos pacientes com Covid.
O avanço da pandemia no Estado, com o já esperado aumento na demanda do sistema hospitalar durante o inverno, influenciou na oferta de leitos. No final de junho, o Paraná superava a marca de 22 mil pessoas contaminadas e contava com 636 óbitos. O número de leitos abertos chegava a 2.177.
Junto à ascensão da curva de contágio, também houve um primeiro pico de leitos disponibilizados. Em 19 de agosto, havia 2.783 leitos ativos no Paraná, o maior até então, com o número de UTIs (1.150) já mais próximo aos de enfermaria (1.663). O Estado contava então com 108.659 casos confirmados. A média móvel, porém, vinha caindo, com 1.723 casos e 28 óbitos diários ao longo de uma semana.
A redução das taxas de infecção fez com que a Secretaria de Estado da Saúde desativasse alguns leitos gradualmente, movimento que durou até meados de novembro. Do início até o final daqueles mês, as unidades ativas passaram de 2.080, no dia 3, 2.559 unidades no dia 30, número que desde então só cresceu.
Situação atual
Até a terça-feira (2), a taxa de ocupação das UTIs estava em 92% no Estado, com situação mais crítica na Macrorregião Oeste, que chegou a 97%. “Nosso planejamento é baseado em estudos que apontam os cenários da curva de contágio, mas a situação atual é pior que a previsão mais pessimista. A taxa de ocupação está muito alta e o sistema está operando dentro do limite”, explica o secretário estadual da Saúde, Beto Preto.
O Paraná já começou 2021 com sinal de alerta ligado e atravessa atualmente o período mais crítico. Desde meados de janeiro, o número de leitos ofertados pela Secretaria da Saúde passou dos 3 mil ativos. O total disponível atualmente é o maior desde então. São 3.616 leitos: 1.405 UTIs e 2.211 clínicos, com a expectativa de expansão nas próximas semanas para dar conta da demanda.