Enquanto o secretário da Fazenda do Paraná diz textualmente que o governo está “contando os centavos” para pagar a folha de pagamento de fevereiro aos servidores públicos, a Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar) pede ao Tribunal de Justiça (TJ) pagamento retroativo de auxílio-moradia estimado em R$ 41 milhões. Ou cerca de R$ 52 mil de “atrasados” para cada um dos 800 magistrados. Nas ruas, a reação das pessoas entrevistadas pelo Paraná Online ao saber destas notícias é de total indignação.

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Aprovado no ano passado, o benefício de R$ 4,4 mil mensais para juízes de todo o país, sem necessidade de apresentar notas com gastos referentes a moradia, já causou bastante polêmica e repercussão negativa. Se o TJ acatar a solicitação da Amapar, juízes e desembargadores estaduais terão direito a valores retroativos de aproximadamente quatro anos. O documento que pede o dinheiro extra é assinado pelo presidente da entidade, Frederico Mendes Júnior, com data de 15 de janeiro deste ano. Como houve troca no comando do TJ, o novo presidente, desembargador Paulo Roberto Vasconcelos é que deverá apreciar a questão.

O Paraná Online procurou o presidente da Amapar para dar explicações sobre o pedido. Segundo a assessoria de imprensa, ele estava acompanhando a tentativa de votação do “pacotaço” na Assembleia Legislativa, pois estava interessado na discussão sobre o futuro da ParanaPrevidência, por isso não estava disponível para entrevista.

Ajuste fiscal

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Em entrevista à Folha de S. Paulo, o novo secretário estadual da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, reconhece que o orçamento está “totalmente desequilibrado”, com receitas superestimadas e despesas subestimadas. “É preciso fazer um ajuste fiscal. Hoje, nós não temos recurso para nada. Nós estamos contando os centavos para fazer o pagamento da folha. A situação é grave”, declarou, ressaltando que o Estado ainda não tem o dinheiro suficiente para pagar os funcionários públicos, as dívidas e os fornecedores. Em janeiro, só com R$ 150 milhões de outros poderes foi possível pagar a folha.

Sobre as críticas de servidores em relação à perda de direitos adquiridos com as medidas propostas pelo governo, considera que “contraria o interesse de classes. Mas é corte de privilégios”. Em relação ao apelido de pacote “de maldades”, ele reage “Maldade com quem? Eu não vejo maldade em retirar privilégios. É dever do administrador público fazer isso”.
Costa, que assumiu o cargo em janeiro, admite ainda que houve um problema de gestão.

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“Gastou-se mais do que deveria gastar. Essas medidas de agora são para arrumar. É traumático? É. Porque todos estamos acostumados a viver num mundo irreal. Agora, vamos ter que viver num mundo real”, afirmou. Mas parece que nem todos os poderes têm consciência do mundo em que estão vivendo.

Enquete

O Paraná Online mostrou para cada um dos entrevistados as notícias e as pessoas reponderam sobre os seguintes questionamentos:

Qual a sua opinião sobre as medidas de austeridade do governo? Os professores estão reclamando por benefícios ou privilégios? E os juízes? Está faltando dinheiro ou não no governo? Veja as respostas no quadro abaixo.