São 5h30 da manhã. Enquanto a grande maioria das pessoas que está no litoral paranaense ainda dorme, certos trabalhadores já estão a todo vapor, correndo atrás do pão nosso de cada dia, no caso deles, do peixe de cada dia.

São os pescadores, que independente de idade, madrugam e se arriscam enfrentando o mar, para no final do dia poder oferecer um pouco de tranqüilidade e conforto a suas famílias. Manoel Alves Cardoso é um exemplo típico de pescador. Viúvo, aos 66 anos, mais de trinta pescando, ele ainda levanta cedo para garantir seu sustento.

Contou que a rede é jogada ao mar duas vezes ao dia. A primeira é de madrugada. No momento em que os pescadores vão atirá-la, aproveitam para recolher outra que foi jogada na tarde anterior. Esse trabalho leva em torno de cinco horas. Durante a tarde se busca a rede jogada pela manhã e se arremessa outra, que será recolhida somente no outro dia. ?Essa é a rotina. Não digo que ganho bem, mas dá para se defender?, afirmou o experiente pescador.

O barco onde Cardoso pesca é dividido com outro pescador, este dono da embarcação e de uma banca no Mercado dos Pescados, em Matinhos. ?Como ele é o dono do barco, fica com dois terços, enquanto eu fico com um terço do que foi pescado?, contou o baiano, que está em Matinhos desde 1982. Ele destacou que fora da temporada o preço do peixe cai muito. ?Somos obrigados a vender mais barato para o arrebatador?, contou.

A mesma profissão, a mesma dificuldade e 45 anos a menos. O jovem Cledison Ferreira tem 21 anos e pesca desde os 14. Ele ajuda sua família, gosta de pescar, mas revela que as opções foram poucas. ?Aqui não há muito o que fazer. Ou se trabalha na construção civil, ou se pesca. Optei por manter a tradição da família?, disse. Ferreira afirmou que a vida que ele e seus quatro irmãos levam é relativamente boa. ?O dinheiro é razoável, ao menos peixe nunca falta?, salientou.

Entre as dificuldades da profissão, ele citou os peixes que machucam, como o elétrico e o escrivão. ?Conheci um pescador que teve que amputar a mão por causa de uma esporada do escrivão?, lembrou.

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