Os clientes da Sanepar, em especial em Maringá, estão sendo induzidos a instalar dispositivos para eliminar o ar que “existiria” na rede de distribuição. A Sanepar contesta a necessidade de instalação, porque não existe ar na rede de Maringá, e alerta que esses equipamentos, além de ineficientes, podem provocar a contaminação da água.
Recente publicação em um jornal de Maringá, sob título “Válvula eliminadora de ar: pague somente o que consome”, afirmava que “o produto foi desenvolvido de acordo com a portaria Inmetro 246/2000 e para garantir sua qualidade foram solicitadas análises dos órgãos competentes.”
Sobre essas análises, a Sanepar esclarece que, de acordo com os laudos fornecidos pelo Instituto, os testes do Inmetro foram restritos: apenas foi verificado se o dispositivo interfere ou não na medição do hidrômetro. Não foi pesquisado se o dispositivo elimina ar. A Portaria 246/2000 não se refere à questão de ar na rede.
Testes
Em Maringá, o condomínio Silvio Barros instalou o dispositivo em setembro de 2002. O consumo foi de 201 m³. Em agosto tinha sido de 188 m³, em outubro foi para 211 m³ e em novembro para 213 m³. Num estabelecimento comercial, na Rua Getúlio Vargas, no mês subseqüente à instalação do dispositivo, o consumo foi maior em 22m³.
Nesses dois casos, o vendedor instalou os dispositivos para teste e até ontem não tinha aparecido para cobrar ou retirar. “Em outros imóveis também se registra a mesma situação, com acréscimo no consumo”, explica o gerente Fábio Queiroz.
Pesquisas realizadas na casa de clientes que instalaram o dispositivo em Campo Mourão e em Londrina, com acompanhamento do Procon, também confirmam que os equipamentos não são confiáveis.
Incoerência
Em carta enviada à Sanepar, no dia 26 de setembro de 2001,a Alfa Filter (distribuidor do Flui-Ar), afirma: “Esclarecemos que nossa válvula não promete economia de água, mas funciona como medida de prevenção”. Segundo a Sanepar, essa prevenção é totalmente dispensável. Eventuais interrupções no fornecimento de água decorrem de atividades operacionais de rotina ou para consertos de rede. Essas ações não representam interrupção acima de 24 horas, tempo mínimo para que houvesse entrada de ar na rede. A Sanepar enfatiza que já cumpre a legislação, de acordo com as Normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), e recomenda aos seus clientes que evitem gastos desnecessários. A empresa orienta que quaisquer dúvidas com relação à ligação de água, o usuário deve consultar a Sanepar, pelo telefone 195.
12 mil sem água em São José
Todos os cabos elétricos da Sanepar e da Copel, utilizados no funcionamento dos poços que abastecem o Jardim Borda do Campo, em São José dos Pinhais, foram roubados. O vandalismo deixou 12 mil pessoas sem água na região, mas o problema já está sendo resolvido. Técnicos da Sanepar estão trabalhando no local e a estimativa da empresa é que o abastecimento será normalizado na madrugada de domingo. A falta de água está sendo suprida com caminhões-pipa. As solicitações dos caminhões podem ser feitas pelo telefone 195.