Tempo feio na cidade, manhã nublada e com ameaça de chuva. Mesmo assim um bom número de pessoas não dispensa a tradicional caminhada ou corrida nos parques. Começa a chover, o número de pessoas nos parques despenca, mas ainda assim, muitos correm debaixo de chuva. Mais estranho: continua a chegar gente, para correr com chuva e tudo. O que leva este pessoal a correr embaixo de chuva, numa manhã fria? Na realidade, as motivações variam.
No Parque Barigui, por exemplo, a administradora Silvana Correia diz que sua preferência é correr com sol. Mas com a ausência de sol, ela não pode deixar de correr. E corre com chuva mesmo. Para ela, são duas sensações diferentes. Correr com chuva é uma espécie de aventura, ‘lava a alma, eu gostei‘. Victor Bertoli, que é técnico de corrida de uma academia e está todos os dias no Barigui dando suporte aos clientes de sua empresa, diz que a chuva não interrompe as atividades.
‘Eles não podem parar. Além disso, com o passar do tempo, mesmo correndo na chuva, o corpo esquenta, o ritmo se mantém e a pessoa não sente muita diferença‘, diz ele. Murilo Klein é da mesma opinião. Para ele, a pessoa que sai para correr ou fazer exercícios tem que traçar objetivos. ‘E cumprir os objetivos é o que interessa‘, diz ele. Se a pessoa sai de casa para correr vinte quilômetros, a chuva não representa obstáculo. O certo é que com chuva ou sem chuva, tem gente correndo – e mesmo andando, como é o caso de velhinhos com guarda-chuvas.
Bartolomeu Linhares, 77 anos, encolhido sob um guarda-chuva, diz que anda porque o médico recomendou. ‘Se eu parar de andar minhas pernas começam a ficar duras. E como em Curitiba está sempre chovendo, eu me acostumei a andar com chuva ou sem chuva. Depois eu chego em casa e tomo um banho quente e tudo fica bem‘, diz ele. No Barigui, ciclistas também ignoram a chuva e pedalam. Moacir de Souza Lima diz que não vê diferença em pedalar na chuva, porque ele se acostumou a fazer pedaladas em fins semana para Lapa, Morretes e outras cidades da região, com chuva ou sem chuva.
No Parque São Lourenço, embora o número de pessoas andando sob a chuva seja menor, elas também estão por lá, com suas motivações. Alguns não interrompem a caminhada ou corrida por nada. Outros param e conversam como se o dia fosse ensolarado. Laurindo Schnneider, 62, diz que vai ao parque todas as manhas dar suas cinco voltas regulamentares, com chuva ou com sol. Ele só deixa de fazer os exercícios quando a chuva é tão forte que o lago transborda: ‘Aí não tem condições, né? Mas isto acontece muito raramente‘, diz.
Também tem pessoas misteriosas andando sob a chuva. Mariana K. por exemplo, também no Parque São Lourenço, ao ser indagada porque corre na chuva, interrompe a caminhada para indagar: ‘Pelo amor de Deus, vocês não vão publicar minha foto, não é?‘. Em seguida, acrescenta: ‘Eu gosto de correr na chuva, mas meu marido não pode saber. Não usem a minha foto se não a minha casa cai. Ninguém pode saber que eu estou aqui‘, disse ela. Correr na chuva também tem seus mistérios.