Um pouco diferente do modelo clássico do professor na sala de aula, com quadro negro e giz, o educador social lida todos os dias com crianças e adolescentes que cometeram atos infracionais ou que foram abusadas, mulheres vítimas de seus companheiros, usuários de drogas e familiares, moradores de rua, famílias miseráveis, entre outros casos de pessoas em risco. Também ajudam famílias com dificuldade de acesso a serviços públicos e comunitários. O objetivo é resgatar pessoas em risco e torná-las ativas, conhecedoras de direitos e responsabilidades.
Exemplos
O Paraná Online foi até o Centro de Referência da Assistência Social (Cras), das Moradias Arroio, na Cidade Industrial e conversou com educadores que atendem famílias da região, que foram realocadas em casas populares.
O educador José Ronaldo de Avelar Júnior, trabalha há um ano e meio no Cras. Formado em Educação Física, trabalha para orientar crianças na convivência em sociedade. Segundo ele, é preciso se adaptar. “As crianças trazem as demandas sociais para nós”, afirma. Ele conta que no início, eram violentas e sem limites, mas com o tempo se envolvem nas atividades como desenho, música, brincadeiras, entre outras. Levam o aprendizado para casa. “O trabalho vai além de educar, é estar presente na comunidade, saber das necessidades sociais”.
Idosos também precisam ser atendidos. Sandra Soares da Silva, há cinco anos é a responsável por dois grupos da terceira idade, com mais de 50 pessoas. Fazem passeios, bailes, oficinas, para distração e conhecimento. “O grupo não tem uma articulação própria, nós organizamos os eventos”. Para Debora Leal, que há nove anos é educadora na região, a sensação de ver uma família superando as dificuldades é inexplicável. Recentemente recebeu o reconhecimento de uma família que teve o filho encaminhado para o mercado de trabalho. “Não há nada que pague o agradecimento”, garante.
Sandra é responsável por grupos da terceira idade. |
Triagem e contato com as famílias
O trabalho do educador no Cras depende de outros setores como a recepção, lugar onde as pessoas são acolhidas. Depois de uma triagem, são encaminhadas para fazer cadastro e são inseridas em programas sociais de benefícios. Em seguida entra o trabalho dos educadores, que vão à residência fazer o estudo da situação. “Eu sou recebida muito bem na maioria das vezes, eles nos tratam como parte da família”, diz Débora Leal, que acredita representar sentimento de esperança para muita gente.
Parcerias
Em algumas situações, o problema não é financeiro, mas jovens vulnerável às drogas e a criminalidade. Neste caso, o programa “Adolescente aprendiz” encaminha o adolescente para um curso e depois para empresas parceiras. Debora viu casos de adolescentes que até hoje estão firmes trabalhando. (Fernanda Zaremba)
Precisa regularizar
Ser educador social requer profundo preparo. Mas, segundo Aline Mendes, vice-presidente da Associação de Educadores Sociais de Curitiba e Região (Aescrm), a profissão não é regulamentada no Brasil, por isso, muitos trabalham sem formação ou experiência. “Várias instituições exigem diploma de Pedagogia, mas geralmente os educadores aprendem na prática”, comenta.
Aline esteve em Portugal, em julho, para um congresso. “Estão mais bem estruturados que nós e já tem o curso superior. Precisamos destes avanços”, afirma. Para ela, é preciso estimular compromisso social. “Um bom educador social nã,o fica alheio. Caso contrário, não é eficaz”.
Formação
Em 2005, a profissão foi reconhecida do Ministério do Trabalho, mas não regulamentada. Dois projetos, no Senado e no Congresso Nacional, pretendem trazer progresso, mas ainda não foram votados.
“Precisam juntar as propostas e elaborar uma só, mais abrangente. Também será importante fortalecer os cursos superiores existentes e criar novos”, aponta Aline. Um curso de nível superior está sendo implantado pelo Grupo Uninter, em Curitiba. Será à distância e vinculado ao curso de Serviço Social. A duração é três anos. (Jadson André)