A greve dos educadores dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e da Fundação de Ação Social (FAS), iniciada na última segunda-feira, está suspensa até o dia 5 de março, quando a Prefeitura e a categoria voltam a negociar. Ontem, o Executivo municipal divulgou uma nota assumindo o compromisso e informando aos educadores que os dias parados não vão ser descontados na folha de pagamento do mês de fevereiro. Hoje, todas as 156 unidades devem estar com as portas abertas atendendo 22 mil crianças de até seis anos de idade.
Os educadores querem equiparação salarial entre a categoria e o magistério municipal com escolaridade equivalente ao nível médio. Segundo a presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc), Irene Rodrigues dos Santos, a categoria ganha R$ 698 para quarenta horas de trabalho semanal, enquanto os professores recebem R$ 594 para vinte horas. Outra reivindicação é o direito dos educadores de escolher se querem trabalhar com educação infantil ou educação social, além de uma tabela salarial igual a dos professores. Esses, ao subirem de nível, teriam um acréscimo de 15% ao salário. Já o acréscimo dos educadores seria de 8%.
Foto: Ciciro Back |
Apesar da decisão judicial ordenando a manutenção do atendimento, duas creches não abriram. |
Na segunda e terça-feira, o secretário de Recursos Humanos, Arnaldo Agenor Bertone, recebeu a categoria e propôs que as negociações fossem retomadas em março. No entanto, os trabalhadores não queriam deixar a discussão para o próximo mês alegando que é data-base de todos os servidores e outras questões devem entrar em pauta, como o reajuste salarial.
Como, segundo o sindicato, as negociações não evoluíram, os servidores exigiram na quarta-feira um encontro com o prefeito Beto Richa e a apresentação de propostas concretas. Ontem, os educadores forçaram um encontro na Câmara Municipal, enquanto o prefeito participava da abertura dos trabalhos do Legislativo. Beto teve que sair escoltado do estacionamento para evitar o atrito com os educadores, que faziam um protesto em frente à Casa, chamando-o de mentiroso. O prefeito afirmou que não iria receber os grevistas, pois eles já teriam recebido aumentos que vão de 38% a 60%. ?Estaria sendo irresponsável com os recursos públicos em dar novos aumentos?, falou, garantindo naquele momento que os dias de greve seriam descontados. ?Nós tivemos diversas reuniões e eles estão irredutíveis. Acho que isso não passa de motivação política?, falou.
Na tarde de ontem a categoria recebeu uma nota oficial da Prefeitura assumindo a retomada da negociações no dia 5 de março, além de se comprometer a não descontar os dias parados no mês de fevereiro. O desconto foi autorizado pela Justiça e a categoria está tentando derrubar a liminar.
Segundo Irene, os servidores resolveram dar trégua ao movimento porque a Prefeitura assumiu o compromisso por escrito e não verbalmente como vinha ocorrendo até agora. No entanto, no dia 6 de março, os educadores podem voltar a fazer greve. ?Vai depender das propostas apresentadas pela Prefeitura?, diz Irene.
Portas fechadas
Esta semana muitos pais sofreram com a paralisação dos educadores. O sindicato alega que mais de 30 unidades ficaram com as portas fechadas. Mas a Prefeitura afirma que cerca de 800 crianças foram prejudicadas segunda e terça-feira, quando seis CMEIs ficaram fechados. Na quarta-feira, dia em que saiu uma liminar obrigando os servidores a garantir o atendimento mínimo a partir daquela data, eram quatro unidades. Mesmo assim, ontem, dois CMEIs não abriram as portas. Um na Cidade Industrial de Curitiba e outro no Pinheirinho. Segundo Irene, o sindicato fez uma escala para garantir o atendimento em todas as unidades e pode ter havido algum problema nesses locais.