Lucimar do Carmo / GPP |
Sala de aula na aldeia caingangue, |
A formação de professores indígenas para trabalhar em escolas de educação básica em aldeias caingangues e guaranis no Paraná deve ser uma prioridade de política de Estado. Se isso não acontecer, pode-se persistir nos erros do passado de colonização, deixando os índios em condições de pobreza material e cultural. Assim pensa a coordenadora de Educação Escolar Indígena da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Cristina Cremoneze.
Um diagnóstico realizado nas últimas semanas em Curitiba pela Seed, Ministério da Educação (MEC), Fundação Nacional do Índio (Funai) e lideranças indígenas, indica que dos 136 professores das 28 escolas das aldeias, 67 são indígenas. De acordo com esse estudo, vivem no Estado cerca de 12 mil índios, em 21 aldeias, dos quais mais de 2.300 são estudantes.
O MEC informa que quando o professor não é indígena, as escolas utilizam monitores bilíngües para traduzir os conteúdos de disciplinas, pois até a 4.ª série do ensino fundamental é obrigatória a educação em língua materna. Para formar professores indígenas no Paraná, um projeto de capacitação de professores da etnia caingangue está em fase, planejamento, além do Programa de Formação para Educação Guarani nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil, também chamado de Mbo’e Kuaa (Conhecer e Ensinar, na tradução para o português), que se encontra em seu segundo ano de funcionamento. Segundo Cremoneze, a Seed deve ter uma posição oficial sobre o projeto de formação de professores caingangues até o fim do ano.
O Mbo’e Kuaa – que envolve MEC, secretarias de Educação de seis estados, entre eles o Paraná, e Funai – está formando atualmente 80 professores para atuar na educação básica. Dos participantes, 18 são do Paraná e devem finalizar o programa até 2007. Cristina destaca a importância do programa, que traz encaminhamentos pedagógicos utilizando o conhecimento dos idosos e resgatando a cultura dos índios. Segundo ela, entre as atividades realizadas pelos futuros professores, estão as trabalhadas na própria comunidade, fazendo registros escritos, fotográficos e audiovisuais e desenvolvendo um inventário do vocabulário.