Educação formal nos presídios da RMC vai completar 25 anos

O Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos (CEEBJA) Doutor Mário Faraco, da Secretaria da Educação, atende, da alfabetização até o ensino médio, 1.800 detentos das penitenciárias instaladas na Região Metropolitana de Curitiba. Esse número representa 30% da população carcerária da RMC. A coordenadora dos projetos do Centro, Joana Martha Gomes, que viajou por todo o país para especializações em Educação de Jovens e Adultos e participação em encontros da área, afirmou que ?não há no Brasil uma escola, no sistema penitenciário, que tenha um processo de educação do nível do Paraná?. Nesta quarta-feira (04), o Centro comemora 25 anos de trabalho educacional voltado à ressocialização de presidiários.

?Temos parceria com a Secretaria de Educação e a Secretaria de Justiça, que dão o respaldo necessário para que possamos realizar com êxito as atividades?, afirmou a diretora do CEEBJA, Rosemari Carneiro Pietrochinski. A Secretaria de Educação fornece os professores e a proposta pedagógica, e a de Justiça é responsável pelo material pedagógico. Os professores têm capacitação específica, e todos são formados em Educação de Jovens e Adultos, além de terem pós-graduação. Entre professores e funcionários, 72 pessoas participam do trabalho.

As aulas são para presos em regime fechado e semi-aberto nas próprias unidades, que dispõem de sala de aula especialmente preparada. A Penitenciária Feminina de Regime Semi-Aberto (PFA) e a Colônia Penal Agrícola (CPA) são as unidades de regime semi-aberto atendidas pelo Centro; e as de regime fechado compreendem a Casa de Custódia de Curitiba (CCC), o Complexo Médico Penal (CMP), a Penitenciária Feminina do Paraná (PFP), a Penitenciária Central do Estado (PCE), a Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP), e o Centro de Detenção e Ressocialização (CDR).

Proposta ? Aprovada pelo Conselho Estadual de Educação, a proposta pedagógica vai além da educação básica formal, e visa ao desenvolvimento e ao reforço de valores humanos. ?Nos preocupamos muito com a auto-estima dos alunos, que precisam de ações que os estimulem a estudar. Quando eles entram no sistema penitenciário, sua auto-estima está baixa. Então, cabe a nós, profissionais da educação, propor ações que despertem o interesse pela educação, mostrando que a educação e o trabalho, nós acreditamos assim, é o único caminho viável para a ressocialização?, explica a diretora.

Para isso, o Centro desenvolve diversas atividades extracurriculares, que valorizam a criatividade dos estudantes. Estão em andamento aproximadamente 18 projetos transdisciplinares, que atingem diretamente 700 alunos, mas beneficiam a totalidade dos presos. ?O nosso maior objetivo é a reinserção dos internos à sociedade. Temos que prepará-los, porque eles não vão ficar a vida toda conosco, vão voltar para a sociedade. E a educação tem que fazer a diferença na vida deles?, diz Rosemari.

Martha explica que os projetos extracurriculares resultam da parceria entre a Universidade Federal do Paraná e o Instituto Paulo Montenegro, que trouxe o Nossa escola pesquisa sua opinião (Nepso). A UFPR é responsável pela implementação, aprovação, assessoria aos professores na execução das ações e também administração da verba dos projetos. ?É muito gratificante trabalhar com alunos apenados. Eles respeitam os professores e não há problemas com disciplina?, diz a diretora.

Rosemari ressaltou as ações voltadas para a inclusão digital realizadas na Colônia Penal Agrícola. ?O CEEBJA Dr. Mário Faraco recebeu do Governo do Paraná laboratórios e computadores, viabilizados pelo Paraná Digital. Além disso, assim como os estudantes do ensino público, os nossos alunos recebem a merenda escolar, o que auxilia na aprendizagem. Nossos alunos têm os mesmos direitos que os da rede pública estadual?, disse.

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