Economia proporciona uma velhice saudável

Poupar dinheiro e saúde. Os números do envelhecimento da população brasileira, que ganha 700 mil novos idosos por ano, vão exigir de quem sonha com uma velhice saudável esse duplo planejamento. Do lado das operadoras de saúde, as planilhas de custos são a justificativa para os altos valores cobrados dos clientes acima dos 59 anos, ou seja, a última faixa etária para a precificação dos planos por grupo de idade, conforme preconiza o Estatuto do Idoso.

De acordo com o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) as despesas com saúde suplementar crescem 8,8 vezes na comparação entre o primeiro grupo, de 0 a 18 anos e o último, de 59 anos ou mais. “É lógico que há uma distorção gerada pelo Estatuto, pois os custos gerados por quem possui mais de 60 anos e mais de 80 anos são bem diferentes”, reconhece o diretor executivo da Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde), José Cechin.

Contudo, o ex-ministro da Previdência não considera que os atuais valores cobrados pelos planos precisam de revisão para ampliar o acesso da população idosa. “Do total de receita obtida pelas 15 operadoras de saúde que integram a Fenasaúde, 80% é convertido em despesas assistenciais. Retirando todos os gastos, sobra 0,3% de lucro”, defende.

Para Cechin, a maneira mais prudente de evitar um colapso financeiro de quem vai viver mais e, inevitavelmente, aumentar seus gastos para gerenciar o processo de envelhecimento passa por um planejamento financeiro que contemple plano de saúde com uma capitalização semelhante à previdência privada. “Hoje quem ganha R$ 1 mil de aposentadoria não consegue arcar com R$ 600 de plano. Um plano de saúde com capitalização, sob o viés, inclusive, de um incentivo tributário do governo, poderia incentivar mais pessoas a se programarem para o futuro”, aponta.

Crônicas

No evento promovido ontem, em Porto Alegre (RS), pela Fenasaúde, para debater a longevidade e o mercado de saúde suplementar, os especialistas admitiram que qualquer medida para atender essa população que hoje soma 22 milhões de brasileiros e, em 2030, passará a 32 milhões, ainda está em um estágio embrionário. “Isso implicará em mais atenção às doenças crônicas do que às agudas, já que entre os idosos, oito em cada dez têm alguma enfermidade crônica”, informa o diretor da Universidade Aberta da Terceira Idade (Uniat), Renato Veras.

Para ele, “não tem cabimento uma pessoa de 80 anos ser deslocada pelos menos três vezes, para três médicos diferentes, que vão pedir exames e receitar vários remédios que acabam interagindo. Cresce a necessidade de um profissional gerindo e monitorando aquele paciente e suas diversas doenças”, destaca. Mas a participação individual também conta na questão do envelhecimento. “Mesmo quem não consegue poupar dinheiro, pode ao menos poupar saúde. Com alimentação e atividade física adequadas, sem fumar ou ingerir bebidas alcoólicas e evitando o estresse, a pessoa garante muita saúde para o futuro”, aponta.

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