A temporada de formaturas de terceiro grau começou. Entre a primeira quinzena de janeiro até abril, somente em Curitiba, acontecem mais de 200 comemorações. Os números para esse tipo de evento são grandiosos. Os formandos chegam a pagar R$ 120 mil por cerimônias religiosas, colação de grau e baile (entre R$ 800 e 1 mil por aluno). As empresas contratadas para organizar a formatura utilizam cerca de 80 profissionais durante uma festa. “É realmente um espetáculo”, afirma Robson Rogério Pollo, gerente administrativo da Polyndia, empresa especializada em formaturas.
O alto custo e o número de pessoas envolvidas está relacionado com a modernidade do evento. Cada vez mais a tecnologia e a criatividade são as ferramentas usadas para proporcionar emoção a estudantes, pais, parentes, amigos e convidados. As inovações aparecem em forma de cenários, homenagens, convites, vídeos, iluminação, apresentações artísticas e musicais. “São os alunos que sugerem e escolhem tudo”, conta Pollo.
Ele descreve um desses exemplos de novidade. Em uma formatura do curso de Arquitetura e Urbanismo, o cenário imitava uma cidade, com postes de iluminação, ruas, prédios e barulho de trânsito e obras. A mesa onde ficaram os professores foi montada durante a cerimônia, com direito a isolamento com cones. “Essas novidades também quebram a monotonia daqueles que estão assistindo, pois a duração de uma formatura pode chegar a mais de três horas, dependendo da quantidade de formandos”, explica Pollo.
Tradição
Mesmo naquelas festas em que a criatividade é o destaque, a tradição não é deixada de lado. “A colação de grau, propriamente dita, segue os padrões da universidade”, conta Pollo. Alguns cursos, como Medicina e Direito, principalmente, realizam formaturas mais tradicionais. “O perfil do curso não deixa fugir muito disso”, avalia Amaury Ferreira de Souza, estudante de Direito e que vai se formar em 2005. “Independente dos recursos e da criatividade, nós queremos é atingir um objetivo. Ver os pais e os formandos chorarem é a garantia de que o espetáculo deu certo”, comenta Pollo.
Festas para todos os bolsos
Os grupos de alunos que não querem ou não possuem condições financeiras para uma formatura com glamour procuram realizar o evento em locais com aluguel mais barato. “Não há muitas opções para locar e todas saem muito caro”, afirma Aldo Branco, sócio da empresa Perfiu?s Formaturas. “No ano que vem, um salão para o baile vai custar R$ 25 mil”, prevê.
Foram justamente estes custos que pesaram no planejamento da formatura de Vanessa Vassoler, que cursou Fisioterapia. “Somente em aluguel do teatro, do salão e do ECAD (direitos autorais das músicas), nós gastamos R$ 50 mil”. Além disso, é preciso pagar as becas, as flores, as lembranças das homenagens, a decoração e a banda.
Devido a essas dificuldades, alguns estudantes escolhem locais mais baratos, como restaurantes, por exemplo. “Assim, aplicamos o dinheiro em iluminação, na música, no cenário, para não perder a emoção”, explica Olair Lenz, outro sócio da Perfiu?s.
Começo
O planejamento de uma formatura inicia, geralmente, no 2.º ano de curso. É formada uma comissão de formatura, composta somente por estudantes. A partir daí, uma empresa é contratada para fazer um orçamento e a organização da festa. Os alunos estipulam o valor de uma mensalidade, que pode variar conforme a disponibilidade de dinheiro para arcar com os compromissos. Uma das primeiras ações é alugar os locais para a cerimônia religiosa, colação de grau e baile. “Precisamos consultar a agenda deles e acertar uma data com três anos de antecedência”, revela Aldo Branco. Somente no último ano do curso são definidas a decoração, as homenagens, as músicas, entre outros.