Quinta-feira de longa espera e muita tensão no Pronto-Atendimento Municipal (PAM) de Londrina. Duas pessoas, entre elas um bebê, morreram na noite de quinta-feira, enquanto eram atendidas pelos médicos. Uma mulher de 42 anos, que aguardou transferência do PAM para um hospital durante duas horas, acabou morrendo antes de conseguir a vaga.
A procura acima da média desde o início da semana e as horas de espera por atendimento podem estar relacionadas ao feriado de Carnaval e às férias de parte dos profissionais da saúde, segundo responsáveis pelo PAM.
O diretor de Serviços Especiais da Secretaria Municipal de Saúde, Sérgio Canavesi, afirma que, pelo fato de o serviço pré-hospitalar ter absorvido boa parte da demanda por atendimentos da cidade, o número de pacientes que buscam o sistema é crescente. No entanto, ainda faltam parâmetros de avaliação do grau de risco de cada um deles. ?O serviço precisa se organizar. Isso é meta que temos de implantar em todos os serviços de emergência?, admite.
Entretanto, ele diz que não foi por demora no atendimento dentro da unidade que as duas mortes aconteceram. O bebê de três meses, que teve uma parada respiratória – não se sabe ainda qual o quadro clínico exato – teria passado por diversos exames ainda no Pronto-Atendimento Infantil (PAI). ?A criança teve uma piora durante o período de atendimento e chegou a ser entubado, mas a evolução clínica não foi satisfatória e ele não resistiu?, conta o diretor. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) já havia sido acionado para transferir a criança para uma UTI, mas ela acabou morrendo enquanto o médico do serviço auxiliava no socorro.
Minutos depois, por volta das 19h, no pronto-atendimento adulto, uma mulher de 42 anos morria devido a uma parada cardíaca. ?Às 17h foi solicitada transferência pelo médico para um hospital terciário; ele avaliou que o quadro não estava estabilizado. O Samu foi acionado e ficou procurando vaga a partir desse momento, mas nenhum dos hospitais contatados estava em condições de receber a paciente?. A busca englobou pelo menos três hospitais onde o internamento poderia ser feito. O diretor afirma que, independente da procura acentuada por atendimento, a média de pacientes chegou a 300 por dia no início da semana, 20% a mais que o normal. ?Não posso afirmar que se ela fosse transferida não morreria; há outros fatores que influenciam, como a doença prévia da pessoa e a resposta aos medicamentos?.
No que se refere à demora pela consulta que a maior parte dos pacientes enfrenta nos últimos dias – esperas de até sete horas foram registradas -, o diretor afirma que somente acontece em casos de baixa complexidade. ?Fora estes casos, no mês de fevereiro não tivemos óbitos no serviço?, garante.
A diretora de Auditoria, Controle e Avaliação da Secretaria de Saúde de Londrina, Joelma Borian, explica que a transferência da paciente não foi conseguida porque os pronto-socorros dos hospitais solicitados deviam estar superlotados. ?Ontem (anteontem) os hospitais terciários estavam sem possibilidade de atender naquele momento. Mas esse quadro é variável. Hoje (ontem), por exemplo, apenas um hospital está com lotação total?.
